Silvio Marques
As porções alimentares que tomamos diariamente têm a Vida de Deus em cada uma de suas partículas. Toda a energia que são delas extraídas pelo organismo é a própria Vida de Deus que nos dá vida. É Por isso que dizemos que elas nos alimentam, não é assim?
Se não houvesse a presença de Deus, não haveria a presença de elementos nutritivos inerentes aos organismos vivos. Por esta razão devemos invariavelmente privilegiar os alimentos naturais. Entretanto, temos o mau hábito de nos alimentar viajando distraidamente no puro gozo proporcionado pelo paladar. Somos tão irreverentes e mal acostumados neste ato, que, inconscientemente nos alimentamos quase que totalmente com o objetivo de atender as necessidades do prazer de comer. Quando a fome anuncia a necessidade de nos alimentar, instintivamente traduzimos este alerta como sendo a “hora do prazer da gula”; e não como sendo a hora de abastecermos o nosso corpo com as essenciais substancias nutritivas. Esta, a verdadeira necessidade.
Eu, particularmente, vejo reverentemente os alimentos como sendo a presença de “Deus Vida”; e não como sendo a presença de “deus gostoso”.
O prazer de comer não é o objetivo das refeições. O prazer é tão somente o estímulo, o incentivo; tal qual o gozo sexual o é para a multiplicação das espécies.
Vendo com este aspecto sinto o quanto é sublime e generoso o projeto de criação de Deus.
Pensando bem, sendo a alimentação um expediente estabelecido com o único objetivo de manter o corpo saudável, e não um anseio da mente (prazer), não acredito que alguém da nossa espécie, que observa esta conceituação, possa ultrapassar o que pensa ser o seu peso ideal. Estar acima do peso pode ser um indicativo de se estar sobrepondo o prazer mental, à necessidade nutricional.
Entretanto, isto não quer dizer que devemos anular o prazer de comer. A fome por si só não desperta o prazer de degustar, que é diferente da necessidade de comer. O aroma conta; a aparência conta, atrai; e é bênção de Deus. Ao sentir o perfume característico dos alimentos, o paladar desperta; e neste momento é iniciada a preparação da futura digestão: é produzido o suco gástrico. Sem o estímulo do desejo não é produzido a quantidade adequada desta substancia digestiva. Porisso os pais não devem, jamais, obrigar os seus filhos a se alimentarem, literalmente “empurrando-lhes” comida no estômago. Barriga não é um triturador, não é uma máquina de moer. É preciso digerir para poder assimilar as substancias. Salvo em raras ocasiões, só devemos nos alimentar quando temos fome e vontade de comer (desejo).
Utilizando-se da supervalorização do paladar, as indústrias alimentícias tem produzido exacerbadamente produtos artificiais com essências e aparência similares aos naturais, barateando custos e facilitando o seu preparo. Assim sendo, sem que a sociedade esteja percebendo, as suas refeições muitas vezes estão se assemelhando ao ato de rechear um “ursinho de pelúcia” com trapos inúteis. A diferença é que no boneco a gente enche consciente de que é só para dar-lhe forma; ao passo que para nossos meninos as mães oferecem tais alimentos com a intenção de vê-los “fortinhos”.
Tamanho não é documento. Os “calangos nordestinos” são muito mais saudáveis e resistentes do que qualquer cidadão metropolitano comedor de “fast foods.
Deixo aqui as minhas mais sinceras reverências aos feijões!
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