Silvio Marques
36 - Disse-lhe Simão
Pedro: Senhor, para onde vais? Jesus lhe respondeu: Para onde eu vou não podes
agora seguir-me, mas depois me seguirás.
37 - Disse-lhe Pedro:
Porque não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.
38 - Respondeu-lhe
Jesus: Tu darás a tua vida por mim? Na verdade te digo que não cantará o galo
enquanto não me tiveres negado três vezes.
Observo que a humanidade ainda
esta com a mente tão escravizada às lógicas e sentidos humanos, que não percebe
com mais clareza a profundidade das palavras de Jesus em suas pregações. O que
a maioria vem por todos esses anos entendendo, tem lógica, faz sentido e
“funciona”. Mas faz sentido apenas na “superfície do pensar”. E é exatamente
por fazer sentido e “funcionar” que elas se dão por satisfeitas sem uma
reflexão mais atenta. Comportam-se exatamente com a mesma ignorância espiritual
de então, demonstrada por Simão Pedro. Mas, quero registrar: Estou utilizando a
expressão “ignorância espiritual” de Simão Pedro, não num sentido pejorativo ou
depreciativo ao individuo. É natural a “ignorância” quando se desconhece alguma
coisa.
Enquanto essas pessoas não
transcenderem a ideia de ver a Jesus como um ser excepcional ou, muito menos,
como Deus; não poderão absorver melhor e mais substancialmente a Verdade
anunciada. Somente então poderão, pelo menos, vislumbrar que também são Filhos
de Deus; e que carregam como missão
natural, a obrigatoriedade de se comportar como Filhos de Deus.
O Jesus carnal, “o cara”, a pessoa,
era um ser como todos os demais: eu, você e todo mundo. A Substancia das suas
palavras, entretanto (e de todos os outros anunciadores), é que deve ser
louvado. A Substancia é que é a Verdade; “é a Morada de Deus”; é o Reino de
Deus que, como ele mesmo disse: está dentro de nós (todos, sem exceção).
No versículo 36 deste capitulo de
João, Jesus está respondendo a Pedro falando de si mesmo, da sua condição de
desperto, iluminado, de filho de Deus. Situação em que Pedro ainda não havia
alcançado. Por isso ele disse... Para onde eu vou não podes agora seguir-me,____...
mas
depois (quando despertar) me
seguirás (viverá o que eu vivo; verá o que eu vejo).
Simão Pedro declara então
(versículo 37) toda a sua admiração e amor, dizendo... Porque não posso seguir-te agora?
Por ti darei a minha vida.
Mas Jesus, então, não mais lhe responde falando de si, mas em nome da Verdade
que já estava desperta nele; do Despertar Espiritual. Simão Pedro até então era
um cego do espírito. ____ Como pode um cego seguir alguma coisa, se não a vê?
No versículo 38 fica mais
evidente, ainda, que o Mestre falava pela Verdade... “Tu darás a tua vida por mim?” ____ É como se ele estivesse
perguntando a Pedro: Como pode dedicar sua vida a mim, se ainda não me conhece
(a Verdade)?____ Se alguém ainda não conhece a Verdade, como é possível
entregar-se (dar vida); vivê-la no dia a dia; aplica-la no dia a dia?
Enquanto não conhecermos a
Verdade, e conhecendo, vivenciarmos-la, jamais viveremos as Glórias que os já
iluminados anunciam e se deliciam nela.
Enquanto não vivenciarmos o dia a
dia adotando práticas de amor, compreensão, fraternidade e justiça em todos os
nossos atos, pensamentos e palavras, não sentiremos as “delícias” do Paraíso
anunciado. Dia após dia atuaremos como falsos indivíduos, ignorantes e grosseiros
personagens no palco da vida.
Concluindo o versículo 38 Jesus
cita o canto do galo. Em qualquer lugar do mundo onde um galo habita ele canta anunciando um novo dia. O “eu ignorante” de um
dia, o grosseiro personagem que ainda não conhece a Verdade, por não conhecê-la
permanecerá “negando-a” dia após dia que o galo anuncia. É neste sentido que
Jesus pronunciou aquelas palavras finais: ... Na verdade te digo que não
cantará o galo enquanto não me tiveres negado três vezes.
Três vezes aqui no contexto,
contradizendo aquela fictícia passagem inserida no livro sagrado referente à
negação de Pedro, nem representa concretamente o significado de 3. Mas sim,
algumas vezes por dia; várias vezes até. Tantas quantas forem as
“oportunidades” de elas serem (pela sua ignorância) negadas ao dia.
Quem nega Amor, Justiça.
Fraternidade, Perdão, Gratidão... em seus atos do dia a dia, está negando A
Verdade.
Seguindo a leitura do evangelho
de João a seguir, capitulo 14, vejam o que Jesus responde a Tomé e Filipe. Eles
têm a mesma postura de ingenuidade espiritual de Simão Pedro no capitulo anterior
acima citado. Mas, em especial, atentem para o versículo 6 deste capitulo: “...
Eu
(a Verdade) sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem
(aqui aonde cheguei) ao Pai, senão por mim (mim: a
Verdade)”.
As instituições religiosas, ainda
nos dias atuais, por pura “ingenuidade espiritual” enxergam a Verdade como sua
propriedade particular (da sua doutrina). A Verdade, que é o próprio Deus, é
onipresente. Mas onipresença para esses religiosos tem limites. Os seus
limites. Não esta em toda parte. Está somente até onde sua percepção espiritual
lhes permite ver. E o que é pior; muito pior, ainda não compreenderam, de fato,
que Deus está dentro de nós, de todos; sem exceção.
Isto está explicitado no
versículo 7, ainda do capitulo 14: “... Se vós conhecêsseis a mim (A
Verdade), também conheceríeis ao meu Pai...” ____ Naturalmente! Deus e a
Verdade provinda de Deus “é” uma coisa só. E a Verdade que se apresenta a mim
(a nós) somente pode ser reconhecida se ela já estiver em mim (em nós). É
semelhante ao fato de podermos reconhecer a cor verde, por exemplo. Se a cor
verde ainda não estiver em mim, ao vê-la não farei nenhuma “leitura”; não a
reconhecerei. Será algo estranho para mim, como se eu fosse um ingênuo bebê.
Não obstante, a Verdade não
precisa ser instalada na mente das pessoas como as cores. Mas é rigorosamente
imperiosa uma reflexão um pouco mais profunda para que, enfim, se concretize o
necessário despertar. O despertar “do que estava adormecido”.
Diferente da cor verde, que é uma
visão material, a Verdade é “uma substancia” espiritual inerente a todas as
pessoas; pois que somos todos seres espirituais feitos à Imagem e Semelhança de
Deus (Da Verdade). Impossível separar-nos.
Voce, Amigo, que ainda não sabia;
pode se reconhecer, agora?
Um comentário:
Deus falou muito ao meu coração usando essa passagem, amém vaso!
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