22/08/2011

Os "poderes" dos Talismãs

Silvio Marques
Em todos os tempos, culturas e civilizações os homens tem tido o hábito de carregar consigo objetos que, entendem eles, contém poderes especiais. De patuás a talismãs estes são carregados como fontes de proteção, energias boas ou forças divinas.
Outrora portavam dentes de animais, pedaços de ossos, pequenas sementes em colares toscos ou coloridos. Hoje, mais civilizados, acreditam em seus crucifixos; santinhos; medalhas; pequenas bíblias ou sutras; pedras ou cristais; colares de contas; porções de terra santa, e outras coisas.
Mas existem também aqueles ____ e digo sem nenhuma ironia ____ que creditam os mesmos poderes à sua meia velha, calcinha vermelha, ou cueca da sorte. Sem contar as atitudes turbulentas e aflitas de torcedores apaixonados de qualquer espécie.
Na verdade tanto os “objetos” religiosos quanto os demais citados, produzem os mesmos efeitos. A consagração é do individuo com a força da sua crença (que dizem ser fé).
Devemos separar o Verdadeiramente Sagrado, do ilusório. Muitas vezes pensamos estar praticando atos de fé quando na verdade estamos praticando culto à matéria. Digo que o Sagrado é a Fé; o ilusório é crendice. Os efeitos desses objetos são psicológicos. Nada tem a ver com o divino, com religião; ainda que as instituições religiosas ofereçam tais objetos, incentivando e, consequentemente, perpetuando esta prática.
Naturalmente que esse “incentivo” não provém dos “departamentos doutrinários” dessas instituições; mas, sim, dos seus respectivos “departamentos comerciais” para promover o ‘milagre da multiplicação das cifras’.
O mesmo efeito (psicológico) que se obtém crendo-se protegido por algum objeto, mesmo religioso, se obtém de forma inversa ao cruzar com um gato preto na sexta feira treze, ou passar por baixo de uma escada. É tudo crendice. É sonho; pesadelo; é falso.
Digo que crer que se estar protegido ou envolvido numa atmosfera de sorte, simplesmente por estar portando um objeto (consagrado por si ou mesmo pela igreja) é o mesmo que sair para caminhar usando uma capa de papel achando que estará protegido de um temporal. Sorte será se o temporal não vier.
Infelizmente, por mais absurdo que possa parecer, haverá ainda alguém para dizer que o temporal não veio porque foi contido pelos poderes da capa de papel benzida.
Quero considerar, principalmente com os que têm esses hábitos, que sei que isso proporciona uma grata sensação de segurança, sim. ____ Já tive tais sensações também! ____ Por isto mesmo o hábito é tão antigo. Entretanto, devemos levar em conta que não viveremos eternamente (e eternos somos) portando “peças materiais” para nos proteger ou atrair boa sorte. Pense nisso: Como você se sentiria sem os seus “talismãs”? ___ Um vazio? Uma insegurança? Sensação de abandono? ___ Pois é exatamente assim que se sentira no mundo espiritual. Não há talismãs espirituais.
Na verdade essa “falsa segurança” proporciona apenas certo “descanso psicológico”. Esses objetos nada mais são do que adversários dos seus próprios medos e fraquezas, disputando o trono dentro da sua mente. Isso não é fé. Deus é magnífico demais para ser reduzido a um objeto. Não reduza Deus para que caiba em seu pequeno mundinho. Não O aprisione num patuá. Ao contrário, procure expandir-se você. Este engrandecimento fará você celebrar um majestoso Encontro com o Divino; portanto, o verdadeiro Encontro com o seu Eu Verdadeiro, Livre, Forte e Esplendoroso.
Queridos amigos, não enfrentem os seus medos com objetos, como se levantassem espadas para um inimigo. Livrem-se desses penduricalhos, que os “inimigos” desaparecerão junto com eles. Enquanto permanecer acreditando nesses “objetos protetores para defendê-los”, implicitamente lá estará presente também os “inimigos”.
Quem possui verdadeira Fé (em Deus) não tem inimigos. Ter Fé em Deus não é se sentir dependente Dele para colher os Seus benditos benefícios. Deus não é uma “instituição de crédito” ou “empresa de seguranças” para atender as nossas necessidades. Tudo já nos foi dado desde o princípio, mas só se apresentam em cumprimento das Leis.
Nós respiramos porque é necessário respirar. Mas não precisamos pedir; nem precisamos carregar talismãs para propiciar a sorte de respirar. Se estivermos com alguma dificuldade para respirar, é porque há algum bloqueio no fluxo de ar para as nossas narinas e pulmões. Analogamente, se há alguma carência na sua vida, certamente é porque há algum bloqueio no fluxo das “bênçãos” de Deus a você. Bênçãos que aqui significam simplesmente: “resultado de ações”.
Ter fé em Deus é representá-Lo em todos os nossos atos. Incondicionalmente. Hoje e sempre.
A poderosa energia e benção de Deus são o Amor e a Justiça. A Vida, que é o próprio Deus, é Amor e Justiça. Pense comigo leitor: “Em que patuá, ou semente, ou colar, ou cristal poderá conter tais bênçãos ou energias? Isto somente poderá ser encontrado no interior do próprio homem, pois que, com tais Substancias fomos constituídos”! ____ Tu és o próprio “patuá”!
Não transfiram os seus próprios poderes, herança do Criador, para objetos e protetores! Basta não economizarem as energias de amor que há em vós! E nunca negligenciem a Justiça, nem para levarem vantagens! É assim, e somente assim, que se atrai Boa Sorte e Boas Energias. São os seus atos os Únicos e Verdadeiros Talismãs! E também são os únicos inimigos!
É por isto que outrora nos foi dito: “O Reino de Deus está dentro de vós”! Enquanto não despertarem para esta Verdade não serão livres; nem felizes; nem salvos de coisa alguma. Continuarão se permitindo ser prisioneiros do mal e inimigos de si mesmos. E assim, tão cedo sentirão o Reino.

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