Em certa floresta “num planeta distante", havia, entre outros tantos, um macaquinho muito espirituoso, atirado e esperto, que se chamava Cara. Como em todas as florestas, havia também animais das mais diversas espécies e peculiaridades. Sossegados elefantes, haviam; cobras traiçoeiras, haviam; aves operárias e também os bicho preguiça, haviam. Era um abundante mundo de características e diversidade.
Muitos desses animais, observando as suas respectivas características, com extremo sentimento de reverência à natureza e aos dons de Deus, cumpriam com abnegação e naturalidade as suas missões. Outros, porém, como o macaco Cara, nunca caminhavam nos trilhos da ordem, da justiça e principalmente do respeito e amor ao próximo. Só queriam levar vantagem em tudo e a qualquer preço. Só assim se sentiam “felizes” e vencedores. Seus valores eram: o dinheiro; a notoriedade; a beleza física; o patrimônio; os títulos; o conforto físico; enfim, tudo o que se resumisse em ostentação e prazer carnal.
Muitos desses “macacos” pensam mesmo assim: com a idéia de que “a lei é do mais esperto”, tentam atropelar, enganar e iludir os bons e honestos; não vendo nisto nenhum mal. E até se justificam. Afinal, eles não se acham mal sujeitos; não se acham mal caráter; os outros é que são burros, idiotas e otários.
A propósito, nesta floresta também habitava um jumento de nome Zé, que era muito explorado por esse tal Cara. Cumpria com presteza todos os serviços para os quais era contratado. Mas o tal macaco raramente cumpria o que havia sido combinado; sempre enganando e sendo injusto para com o Zé. Com outros animais da sua roda e da sua mesma ordem, ria e até ridicularizava o humilde jumento.
Certo dia, porém, um grande e inesperado incêndio tomou parte desta floresta, e muitos dos que nela habitavam pereceram juntos na fatalidade. Dentre eles estava o macaco Cara e, infelizmente, também o bom jumento Zé. E assim, juntos partiram para o mundo Espiritual.
Ao chegarem na ante-sala do citado mundo, se apresentaram na “Recepção” para receber o encaminhamento adequado para cada um, de acordo com o seu mérito acumulado. Curiosamente, na senha que forneceram ao humilde jumento, continha a inscrição: “Mundo dos Sábios”. O macaco quando viu aquilo não se conteve; sorriu sarcástica e convulsivamente rolando pelo chão. Entretanto, esgotado todo esse seu deleite voltou a atenção para o protocolo que lhe haviam reservado. Nele continha a inscrição: “Mundo dos jumentos”. Outro ataque de riso lhe sobreveio tamanho era o absurdo do equivoco segundo seu julgamento.
Mas eis que nesse momento, uma voz sentenciosa e formal vinda do Céu ouviu-se então no salão:
____ “Meu bom jumento! Vós, por sempre ter agido com extrema justiça, sereno amor e profunda humildade, acumulou vultosa riqueza no Reino dos Céus. Esse teu patrimônio é moeda corrente de real valor aqui nesse reino, e você adquiriu abundante paz, infinita felicidade e sublime descanso no confortável leito do Meu coração!” ____ e disse mais:
____ “Após viver esta farta e divina recreação; voltarás ao mundo terreno com extrema capacidade e sabedoria, para semear na face da terra todo o Meu amor e a Minha suprema justiça!”
E a voz, então, voltou-se para o Macaco.
____ “Quanto a você, Cara! O patrimônio que na terra acumulou não tem valor algum nos Shoppings dos Céus! As suas moedas não tem poder de compras nas Lojas do Paraíso! E os seus títulos e diplomas não lhe dão acesso nas Faculdades da Sabedoria! Todo o patrimônio que você acumulou tinha valor somente para dar prazeres ao teu corpo; mas que hoje jas no pó da terra! Você não acumulou boas reservas, porisso aqui és um miserável! Assim; após cumprir um longo estágio onde grande parte de sua inteligência será queimada; voltarás ao mundo terreno no corpo de um jumento, para trabalhar sem esperteza, e, por mais duro que seja, com muita determinação; pois que será para o seu próprio sustento e evolução!”____ e assim a voz silenciou e cada um foi conduzido ao seu devido local.
Pouco tempo depois, o macaco que ainda preservava grande parte de sua arrogância, ligou para o “celular espiritual” do Zé querendo saber onde ele se encontrava:
____ Zé, onde é que você foi parar? Nalguma vala fétida junto aos porcos e aos burros? _____ e gargalhou sarcasticamente.
____ Cara, eu estou muito bem! ____ respondeu-lhe serenamente Zé ____ Eu estou no paraíso dos justos! Aqui há muita paz e fartura! É um mundo de absoluta harmonia, onde todos se amam, se protegem, se ajudam! É um mundo de franca solidariedade! É o mundo do mais absoluto amor, onde o Pai sussurra a todo instante em nossos ouvidos a suave música da felicidade! E você, como está?
____ Eu também to bem, to bem!____ disse o folgado macaco____ Mas só quero saber porque você sofreu tanto na terra e agora goza neste paraíso? Será que é preciso sofrer para alcançar este céu?____ perguntou.
____ Na verdade, Cara, eu nada sofri! Os seus valores é que não te permitiam ver o quanto o meu mundo já era de grande paz mesmo na terra! No começo bem que sofri! Mas num belo dia, o Espirito Santo de Deus me enviou um anjo que me disse: “Zé, em outras vidas você acumulou muitos tesouros materiais iludindo os seus semelhantes e somando ganhos ilícitos. Hoje estais resgatando o teu mal”. Somente aí é que fui entender a grande diferença que há entre “a esperteza” e “a Sabedoria”! Na verdade, Cara, o anjo me disse também que em outras vidas eu fui um macaco muito esperto!
____ Como é que é? ____ não conseguia ouvir direito o macaco que já era conduzido ao seu lugar ____... Eu não estou te ouvindo... estou passando num túnel... !... Ai, ai, ai, como isso aqui tá esquentando!
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Pos Scriptum: Não é somente após a morte do corpo que se sente o inferno queimando a alma. Todos aqueles que não observam em suas ações diárias os princípios do amor, da justiça, e da fraternidade se distanciam das suaves bênçãos do Pai, que são indispensáveis e preciosos bálsamos e amparos da alma. Porisso é que se diz que o pecado pesa na alma (na consciência). A sensação de bem estar que sentimos ao agir observando os dons de Deus, são estas instantâneas bênçãos. E, se multiplicadas, é o que chamamos: Felicidade.
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