25/11/2011

O Macaco e o Jumento

Silvio Marques

Em certa floresta “num planeta distante", havia, entre outros tantos, um macaquinho muito espirituoso, atirado e esperto, que se chamava Cara. Como em todas as florestas, havia também animais das mais diversas espécies e peculiaridades. Sossegados elefantes, haviam; cobras traiçoeiras, haviam; aves operárias e também os bicho preguiça, haviam. Era um abundante mundo de características e diversidade.
Muitos desses animais, observando as suas respectivas características, com extremo sentimento de reverência à natureza e aos dons de Deus, cumpriam com abnegação e naturalidade as suas missões. Outros, porém, como o macaco Cara, nunca caminhavam nos trilhos da ordem, da justiça e principalmente do respeito e amor ao próximo. Só queriam levar vantagem em tudo e a qualquer preço. Só assim se sentiam “felizes” e vencedores. Seus valores eram: o dinheiro; a notoriedade; a beleza física; o patrimônio; os títulos; o conforto físico; enfim, tudo o que se resumisse em ostentação e prazer carnal.
Muitos desses “macacos” pensam mesmo assim: com a idéia de que “a lei é do mais esperto”, tentam atropelar, enganar e iludir os bons e honestos; não vendo nisto nenhum mal. E até se justificam. Afinal, eles não se acham mal sujeitos; não se acham mal caráter; os outros é que são burros, idiotas e otários.
A propósito, nesta floresta também habitava um jumento de nome Zé, que era muito explorado por esse tal Cara. Cumpria com presteza todos os serviços para os quais era contratado. Mas o tal macaco raramente cumpria o que havia sido combinado; sempre enganando e sendo injusto para com o Zé. Com outros animais da sua roda e da sua mesma ordem, ria e até ridicularizava o humilde jumento.
Certo dia, porém, um grande e inesperado incêndio tomou parte desta floresta, e muitos dos que nela habitavam pereceram juntos na fatalidade. Dentre eles estava o macaco Cara e, infelizmente, também o bom jumento Zé. E assim, juntos partiram para o mundo Espiritual.
Ao chegarem na ante-sala do citado mundo, se apresentaram na “Recepção” para receber o encaminhamento adequado para cada um, de acordo com o seu mérito acumulado. Curiosamente, na senha que forneceram ao humilde jumento, continha a inscrição: “Mundo dos Sábios”. O macaco quando viu aquilo não se conteve; sorriu sarcástica e convulsivamente rolando pelo chão. Entretanto, esgotado todo esse seu deleite voltou a atenção para o protocolo que lhe haviam reservado. Nele continha a inscrição: “Mundo dos jumentos”. Outro ataque de riso lhe sobreveio tamanho era o absurdo do equivoco segundo seu julgamento.
Mas eis que nesse momento, uma voz sentenciosa e formal vinda do Céu ouviu-se então no salão:
            ____ “Meu bom jumento! Vós, por sempre ter agido com extrema justiça, sereno amor e profunda humildade, acumulou vultosa riqueza no Reino dos Céus. Esse teu patrimônio é moeda corrente de real valor aqui nesse reino, e você adquiriu abundante paz, infinita felicidade e sublime descanso no confortável leito do Meu coração!” ____ e disse mais:
            ____ “Após viver esta farta e divina recreação; voltarás ao mundo terreno com extrema capacidade e sabedoria, para semear na face da terra todo o Meu amor e a Minha suprema justiça!”
E a voz, então, voltou-se para o Macaco.
            ____ “Quanto a você, Cara! O patrimônio que na terra acumulou não tem valor algum nos Shoppings dos Céus! As suas moedas não tem poder de compras nas Lojas do Paraíso! E os seus títulos e diplomas não lhe dão acesso nas Faculdades da Sabedoria! Todo o patrimônio que você acumulou tinha valor somente para dar prazeres ao teu corpo; mas que hoje jas no pó da terra! Você não acumulou boas reservas, porisso aqui és um miserável! Assim; após cumprir um longo estágio onde grande parte de sua inteligência será queimada; voltarás ao mundo terreno no corpo de um jumento, para trabalhar sem esperteza, e, por mais duro que seja, com muita determinação; pois que será para o seu próprio sustento e evolução!”____ e assim a voz silenciou e cada um foi conduzido ao seu devido local.
Pouco tempo depois, o macaco que ainda preservava grande parte de sua arrogância, ligou para o “celular espiritual” do Zé querendo saber onde ele se encontrava:
            ____ Zé, onde é que você foi parar? Nalguma vala fétida junto aos porcos e aos burros? _____ e gargalhou sarcasticamente.
            ____ Cara, eu estou muito bem! ____ respondeu-lhe serenamente Zé ____ Eu estou no paraíso dos justos! Aqui há muita paz e fartura! É um mundo de absoluta harmonia, onde todos se amam, se protegem, se ajudam! É um mundo de franca solidariedade! É o mundo do mais absoluto amor, onde o Pai sussurra a todo instante em nossos ouvidos a suave música da felicidade! E você, como está?
            ____ Eu também to bem, to bem!____ disse o folgado macaco____ Mas só quero saber porque você sofreu tanto na terra e agora goza neste paraíso? Será que é preciso sofrer para alcançar este céu?____ perguntou.
            ____ Na verdade, Cara, eu nada sofri! Os seus valores é que não te permitiam ver o quanto o meu mundo já era de grande paz mesmo na terra! No começo bem que sofri! Mas num belo dia, o Espirito Santo de Deus me enviou um anjo que me disse: “Zé, em outras vidas você acumulou muitos tesouros materiais iludindo os seus semelhantes e somando ganhos ilícitos. Hoje estais resgatando o teu mal”.  Somente aí é que fui entender a grande diferença que há entre “a esperteza” e “a Sabedoria”! Na verdade, Cara, o anjo me disse também que em outras vidas eu fui um macaco muito esperto!
            ____ Como é que é? ____ não conseguia ouvir direito o macaco que já era conduzido ao seu lugar ____... Eu não estou te ouvindo... estou passando num túnel... !... Ai, ai, ai, como isso aqui tá esquentando!

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Pos Scriptum: Não é somente após a morte do corpo que se sente o inferno queimando a alma. Todos aqueles que não observam em suas ações diárias os princípios do amor, da justiça, e da fraternidade se distanciam das suaves bênçãos do Pai, que são indispensáveis e preciosos bálsamos e amparos da alma. Porisso é que se diz que o pecado pesa na alma (na consciência). A sensação de bem estar que sentimos ao agir observando os dons de Deus, são estas instantâneas bênçãos. E, se multiplicadas, é o que chamamos: Felicidade. 

18/11/2011

VIVA SEM MEDO AS SUAS RESPOSTAS

Silvio Marques
Será que realmente acreditamos naquilo que afirmamos ser a nossa fé, o nosso Deus? Será que todos fazem profundas reflexões periódicas para avaliar esta crença?
Às vezes nos sentimos um tanto enfraquecidos na nossa fé, e consequentemente nos culpamos por isso; como se de fato fosse uma falha nossa, um descuido, alguma espécie de negligencia. Entretanto, isto pode ser claro sinal de que nossa alma esta clamando por evolução; por “novas revelações”, por visão de novas perspectivas espirituais. E isto é absolutamente normal para aqueles que não têm pré-conceitos ou bloqueios a respeito.
Muitas pessoas, normalmente por falta de uma reflexão mais profunda; vive uma fé de convencimento. Foram convencidas que deveriam assumir a teoria religiosa que lhe foi apresentada; na maioria das vezes em momentos de dor, carência ou outras dificuldades. Isto é o que chamo de Fé germinada nos ouvidos. Ela não é de fato uma convicção que vem do fundo da alma. Por isto mesmo não reflete o estagio espiritual da pessoa.
Também têm aqueles, “muitos aqueles”, que se abraça com o primeiro caminho religioso apresentado, como tábua de salvação, como um porto seguro. Considerando que estava meio perdido, se afogando, é natural que faça assim. Feliz é aquele que abraça um “caminho”. Mas nem por isso deve cegar, parar de pensar, de refletir. Observe sempre, reflita sempre se isto que te libertou “naquela oportunidade”, não o está escravizando agora. A receita do evoluir espiritual é: “prá cima e avante”. Avante sempre. Não tenha medo; siga em frente. Porto seguro é apenas para aqueles que não sabem navegar. Mas navegar é preciso.
O caminho para o evoluir infinito é seguir sempre na direção de suas “respostas”. Não das minhas; mas das suas respostas. Mesmo que a minha “resposta” lhe agrade, ela já não é mais minha resposta; mas sua. Não se trata de assumir a minha resposta ou a de outro qualquer. Quando alguma “resposta” ecoa em sua alma, é porque ela já estava em você. Portanto, ela não é mais uma teoria de alguém; é o que chamamos: despertar. E somente podemos despertar aquilo que já existia... Ainda que adormecido.
Jamais devemos (e nem podemos) cobrar que alguém assuma ou viva as nossas respostas. Não condicione o seu amor às suas repostas. Se você é “Bíblia” e o outro “Alcorão”; se um é das “Sutras” e outro é simplesmente de Deus, o amor doado não deve ser diferente. O amor é um entendimento só, em qualquer língua, credo ou cultura. Se não for assim, já não é amor. Poderá ser um sentimento condicionado por você, refletindo toda a sua presunção, preconceito ou ignorância.
E se ainda não sabe direito o que é amor... Ame simplesmente. Sentirás a resposta.

11/11/2011

Serão felizes os criminosos?

Silvio Marques                                            

Sem pensar muito qualquer pessoa responde que os criminosos, de qualquer espécie, não são pessoas felizes. Sem pensar.
De fato o crime e a Felicidade, na essência, não fazem parceria; não nasceram um para o outro. Esta sentença vem do profundo da alma. Por isso qualquer um responde, sem pensar, que criminoso não é feliz. Entretanto, se pensarem um pouco, logo lembram que um corrupto, por exemplo, pode desviar para suas posses milhares de dólares mensalmente e com isso concretizar muitos sonhos para si; materializar muitas conquistas de propriedades patrimoniais. E aí acabam admitindo que ele (o corrupto) é, sim, um felizardo que conseguiu realizar os seus sonhos.
Além disso, eles são, normalmente, pessoas muito consideradas na sociedade em que vivem e até invejados pelos periféricos. E assim multiplicam-se os afetos, e a sociedade vai se corrompendo cada vez mais, estimulada por estes “exemplos”.
Na verdade nenhum criminoso é feliz. Eles são, ao contrário do que eles mesmos podem pensar (ilusão) extremamente infelizes. Por isso “atuam” a vida de um personagem esperto, vencedor e poderoso, enganando-se que isto seja mesmo felicidade. Nem percebem que para manter essa falsa felicidade precisam ter prazeres sobre prazeres; gozo sobre gozo; comprar e acumular, para que esses “prazeres” circunstanciais não deixem espaços no seu íntimo para que a sua infelicidade latente se apresente. É por isso que todo ilícito quando é preso, adoece, desaba.
Quem já foi, ou é um criminoso, um fora da lei, pode testificar do que estou falando. É claro, não é preciso, necessariamente, ter sido um para compreender tudo isto.
Porém, não precisamos e nem devemos julgá-los e desejar que sejam punidos. Isto de alguma forma entristece a nossa alma, nos “amarra” na situação e nos faz sofrer também; o que corresponde a pagarmos, com o peso desse sofrimento, o resgate dos pecados que os outros cometeram. Ao contrario, abençoe-os e deixe tudo o mais por conta da Justiça.
É disto que eles carecem. Benção e perdão. Eles já se punem todos os dias pelo que fazem e pelo que são. Eles não conhecem a delícia que é a Verdadeira Felicidade. Não se dão esta oportunidade. Por mais prazeres e conquistas que atraiam para si, mais distantes ficam da Verdadeira Felicidade. Eles só compram e vivem ilusões. Vivem inconscientemente uma vida totalmente hedonista; iludidos que foram escolhidos pela graça.
Toda a riqueza deles é tesouro maldito cujo resgate, infalível, é de todos aqueles que dela se servirem.
O que não é abençoado é maldito. E mais maldito é aquele que oferece aos seus filhos os frutos de seu mau caráter. Porque desses frutos dos quais esses filhos se servirem, serão deles fortalecidos de maldição também.
Os filhos devem avaliar cuidadosamente a fonte dos tesouros de seus ancestrais. Se maldito, bem grande é o preço do resgate. E eles os pertencem também por herança.
Os verdadeiros tesouros, os quais eles não se esforçaram para conhecer, consequentemente também não puderam apresentar aos seus e deixar tais tesouros como legados. Não puderam porque com eles não formaram intimidade.
Assim é a Lei.

04/11/2011

OS MONSTRINHOS DA MINHA GERAÇÃO

Silvio Marques

Muitas crendices das gerações, minha, dos meus pais e demais antepassados, de certa forma imbecilizaram parte do nosso raciocínio e nos tolheram, em muito, a liberdade e a nossa essencial potencialidade. Deixaram-nos marcas na infância que possivelmente perduram ainda nos dias de hoje, e talvez fiquem para sempre.
      Com o objetivo de que não ficássemos descalços, por exemplo, lembro-me de que diziam com muita naturalidade que o “bicho de pé” entraria pelos nossos pés, iria subir e ficar andando lá dentro da gente. Sentia tanto pavor, que toda a vez que me lembrava disso sentia uma espécie de coceira por dentro. Era o forte poder da palavra agindo na minha mente.
        Não é que hoje as crianças sejam menos “babacas” do que eu fui outrora, e não mais estejam suscetíveis a isto. Acontece que nós, seus pais, já temos consciência dos efeitos do poder do que se fala e temos tido mais cuidado com o seu uso.
Para prevenir a saída das crianças para a rua, principalmente à noite; ato que tirava o sossego dos pais e avós, eles anunciavam horrendas criaturas imaginárias e as “colocavam” de plantão nos portões das nossas casas. Nos aprisionavam assim, dentro do nosso próprio medo.
Levei anos para encontrar um meio de me livrar da “mula sem cabeça”. Certo dia o meu medo deu trégua e tive a coragem de pensar nela (na mula). Descobri, na minha santa e pura ingenuidade que: “... se a mula não tem cabeça, ela não tem olhos para me ver. Então, se ela corresse atrás de mim, bastaria eu correr e virar na esquina que ela iria passar direto”. É claro que esta conclusão me trouxe muito conforto. Em compensação, acho que até hoje meu inconsciente luta sutilmente para se livrar do “boi da cara preta”.
        Não estou de forma alguma criticando os nossos pais. Atrás desta ação havia um imenso amor e sentimento de proteção. Não obstante, por estes justificáveis equívocos, muitos dos nossos medos atuais são reflexos desses “monstrinhos” que estão registrados no nosso inconsciente. Muitos deles (nossos medos) são descendentes da mula sem cabeça, do boi da cara preta e outros mais. Felizmente o “saci pererê e a cuca” foram desmascarados pelas “Aventuras do Sitio do Pica Pau Amarelo” veiculadas na televisão. A propósito, somente através deste programa é que tomei conhecimento de que a “cuca” era um jacaré. Eu pensava que ela fosse um imenso dragão.  Naturalmente.  Quanto maior o medo, maior é o bicho papão.
Quando eu ouvia a minha mãe ninar os meus irmãozinhos mais novos cantando: “nãna, neném, que a cuca vem pegar...”, eu pensava desconfiado: Se fosse você, neném, eu ficava bem acordado!
       Entretanto, penso que é muito mais fácil desmascararmos estes maléficos bichos papões, do que nos livrarmos de certas sentenças dos nossos pais, mestres e outros; quando afirmam, por exemplo: “Você ficou reprovado porque é burro!” “Você não conseguiu vencer porque é fraco!” Este “dragão”, com certeza, é muito mais difícil vencer.
          Aconselho, portanto, aos Pais:
Cuidado! Hoje não se acreditam mais em bichos papões! Mas suas palavras podem ainda se tornar um imenso dragão na vida de seus filhos!

OOOOOO

PS : Se dissermos aos nossos filhos, servidores, ou outra pessoa qualquer que ele é um burro; estamos chamando Deus de burro; porque seria Ele quem teria feito uma pessoa desprovida de capacidade. Na verdade, somos todos Filhos de Deus com infinita capacidade.

Importantes informações

  Nota de agradecimento e importantes informações aos Leitores e                              seguidores deste Blog em todo o planeta. Ess...