04/01/2013

APRENDENDO A "SE VIRAR"


Silvio Marques

Todos os dias, a toda hora e a cada experiência as pessoas estão aprendendo a “se virar” neste mundo terreno, nesta dimensão material em que estamos. E parece que essa é a verdadeira ventura da vida, objetivo da vida: Afinal, são as experiências que nos dão conhecimento e sabedoria para nos relacionarmos com este mundo.

É fundamental, lógico, mais que isso, inexorável e indispensável aprender a “se virar”. Aprender é bom; conhecer é necessário, sim. Entretanto, se considerarmos que “Se Virar” signifique apenas: aprender para se defender; para se safar das situações do dia a dia, tendo em relevo as adversidades; penso que isto não é tão indispensável assim.

Naturalmente que todo conhecimento se transforma em “armas” adquiridas para utilização nos momentos em que se fizerem necessários. A ignorância é uma cegueira, uma pobreza. As experiências da humanidade tanto comprovam isso que, geração após geração, todos seguem nessa mesma direção, nessa mesma busca, numa verdadeira inércia dogmática: “Aprender para se defender”.

Pelo andar dessa minha abordagem os mais sensíveis já devem estar presentindo, talvez curiosos, talvez desconfiados, que eu esteja na eminência de anunciar outras possibilidades para a vida de cada um, que não seja esta histórica busca. Será?

É bom que saibam: levantei da cama de sobressalto neste dia por volta de 12:30 da noite, apenas para escrever (ou transcrever) o presente texto. Nem sei se antes estivera mesmo dormindo. Mas foi assim.

Então vejam isto: vamos viajar na fictícia vida de um personagem que “invadiu” meu pensamento:

Um individuo mora numa “caixa” com as dimensões de um metro de altura por um metro de largura e também de comprimento (1 x 1 x 1). Se essa pessoa tem altura mediana de um metro e sessenta e mora nessa “caixa”, certamente passará os seus dias se lamentando por não poder sequer levantar ou abrir os braços dentro de sua “casa”. Viverá uma vida muito limitada, muito restrita e sem liberdade. Entretanto, se essa pessoa tomar a decisão de mudar-se para uma “caixa” nas proporções de, pelo menos, três metros em cada dimensão; então ela terá muito mais liberdade; muito mais possibilidades. Mas isso não depende do mundo, de Deus ou do governo. Só depende dela.

Eis então a questão: Viver numa dimensão de um metro... Ou viver numa dimensão de três metros?

Todos conhecem a resposta. Todos saberiam fazer aqui a melhor escolha. Mas para melhor entendermos a mensagem, é imperioso que identifiquemos algumas expressões na frase acima, propositalmente grifadas, quais sejam: Um individuo - moracaixa.

Um individuo: representa cada um de nós, seres pensantes. Mora (habita): representa a dimensão (mental) em que cada um vive. E “caixa”: significa o alcance da mente deste individuo, seu universo mental; ainda que apenas no presente momento.

O silencio era tão grande naquele momento da madrugada em que eu escrevia, que o atrito do grafite da lapiseira riscando o papel me parecia um barulhão para os que estavam dormindo.

Se uma pessoa vive uma vida sem reflexões, vive apenas repetindo, copiando e seguindo os passos, atos e conceitos dos demais (ainda que de sábios, eruditos ou iluminados), viverá uma vida limitada, viverá uma vida de “rabicho”, seguindo a maioria. ___ Tu és um rabicho? ___ Viverá uma vida falsa, sem desenvolvimento ou descobertas. Vida sem méritos ou glórias.

O que quero dizer, é que é preciso refletir sistematicamente, insistentemente a Vida. E não estou falando daqueles celebres e inconscientes questionamentos humanos: “quem sou eu... de onde vim... para onde vou”. Estas respostas virão por acréscimo. É preciso refletir tudo, profundamente; dedicar minutos diários para fazer boas leituras e saciar a fome e a sede de seu espírito (mente). Devemos ler, ou simplesmente pensar, ou principalmente escrever. Tente; basta começar. Como disse um velho amigo: “O hábito de ler ou escrever é como dentadura; no começo dá gastura, mas logo depois acostuma”.

                                       
Você, enfim, precisa ter as suas respostas; as respostas que foram substanciadas pelas suas reflexões. Se você apenas se utilizar das minhas respostas, ou das repostas de alguém que não seja você mesmo (ainda que seja de sábios ou iluminados), então estas respostas não são suas, não é teu patrimônio. E por isso mesmo logo irá se desviar delas e trocar por outras. Você nunca poderá buscar no âmago de você mesmo as respostas verdadeiras, as respostas que se identificam com o seu plano espiritual do momento; porque as respostas que estão em você foram plantadas nos seus ouvidos e te seduziram... E seduzindo, bloquearam o seu livre e necessário pensar. Mas o ouvido é apenas um canal de entrada que nem sempre leva “ao coração”. É na maioria das vezes um deserto.

Aquele silencio daquela madrugada, lembro-me bem, me dava a sensação de que só eu estava acordado no mundo. Mas já sentia os olhos pesando também.

Se você fizer sinceras reflexões, em pouco tempo terá uma mente tão expandida que se surpreenderá ao sentir que sua “caixa” tornou-se de dimensões ilimitadas. Será necessário, é bem verdade, uma imensa coragem e boa dose de rebeldia contra os conceitos que lhe permeiam até então. E assim verá que o mundo a sua volta esteve muito limitado durante todo o tempo em que viveu. Verá, também, que muitos ainda estão vivendo numa dimensão muito aquém de suas possibilidades. Na mesma dimensão em que um dia você viveu também.

Penso que não devemos ficar limitados aos conhecimentos adquiridos e técnicas desenvolvidas conseqüentemente, para eventualmente usarmos esses ativos nas contendas com as adversidades (os inimigos). Bom mesmo é não tê-las (adversidades, inimigos).

Com a mente da “caixa” de um metro (ou até mesmo com a de três metros) alguém poderá pensar que não é possível não termos inimigos ou adversidades ao longo vida. Mas depende muito de como se encara as situações do dia a dia. O que lhe parecer inimigo, inimigo será. Deverá lutar então contra ele. De outro modo, se a tudo vir como possibilidades de crescimento, então, assim como as aeronaves se utilizam da gravidade e das barreiras do ar para alçar voos, você se utilizará também dessas “forças contrarias” para alçar voos de crescimento.

Seja mais amoroso. Mais que isso, seja o próprio Amor. Na verdade esta é a sua mais genuína “substancia”, sua “partícula essencial”. Use esta “substancia” como semente. Não como arma de ataque, muito menos de defesa. Apenas como semente. Plante isto no mundo. Você não terá do que se defender; muito menos atacar. A existência é como um solo: Tudo o que você plantar ira germinar e crescer. E você deverá colher (é Lei) e desses “frutos” se alimentar. É seu; sua propriedade; seu patrimônio; seu celeiro. Esta será a sua energia. E subirá, agora mesmo, ao Céu.

Ah! Agora posso dormir!
Boas Noites e Dias para todos!

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