Silvio Marques
Independentemente da cultura de um homem, todo o mal por ele manifestado é fruto da sua “ignorância”. Nem sempre ele ignora o mal que comete; porém, quem comete algum mal, qualquer que seja, ignora que ele próprio seja o templo que aloja o amor, a sabedoria, a bondade, a justiça; enfim, todos os atributos de Deus. O “eu” que peca, que erra, que produz algum mal, é o “eu” ignorante e falso.
Quando o homem erra e sente o erro que cometeu com um sentimento que lhe toca profundamente na alma, ele esta sendo “acusado” pelo próprio “Eu”, O Verdadeiro (o Eu essência). E se ele “implora perdão a Deus” por isso, ele será infalivelmente perdoado. Mas será perdoado também por esse próprio Eu. É o Espirito origem (o Eu perfeito interior) quem recrimina e quem também perdoa as ações imperfeitas e errôneas. É esse Espirito, à Imagem e Semelhança de Deus, quando desperto, quem percebe as imperfeições e os erros cometidos. E é ele “quem” os desaprova e também “quem” os acusa. Porisso é que se diz que havendo arrependimento sincero, há o perdão.
O arrependimento nada mais é do que uma ação do Eu verdadeiro interior. E quando esse Eu se apresenta, o outro desaparece. E desaparece juntamente com a culpa; ainda que a obra do pecado possa permanecer algum tempo.
Muitos religiosos entendem que a “voz” que aponta os pecados, a “voz” do arrependimento, e também “a voz do perdão” tratam-se de ações do Espirito Santo. Eu também confirmo, sem duvidar, de que seja. O que difere no nosso entender, é que eles vêem isto como uma ação que se processa de fora para dentro. Mas eu não entendo que seja assim.
Quando comemos algo que o nosso paladar desaprova, não nos prestamos a orar a Deus, “arrependidos” de termos ingerido tal substancia, esperando por alguma providência Sua. Mas sim: “arrependidos” de termos ingerido tal substância ruim, simplesmente expelimos-a, jogamos fora; tomamos, nós mesmos, tal “providência”.
É bem verdade que esta seja uma ação física. Mas com o espirito também se processa da mesma forma. Se a substância que ingerimos, ou a ação que praticamos, foi identificada como sendo imprópria, má, negativa; e temos a iniciativa de tomar as devidas providências; devemos observar que: tanto a ação de identificar como a de tomar as devidas providências foram méritos que provieram do nosso próprio interior. Somente pode exteriorizar uma ação de Bem, de dentro de onde já exista o Bem. Se quisermos encher o coração de alguém que achamos ser muito cruel, com uma grande porção de amor; só conseguiremos se já houver algum amor dentro desse alguém para que ele possa reconhecer que a nossa doação é uma “coisa boa”. Só o Amor pode reconhecer o Amor. Só o Bem pode reconhecer o Bem.
Além do mais, de onde vem o Amor que pretendemos dar? Por acaso eu e outro somos filhos de Pai diferente? Originados de fontes diferentes?
A ação do Espirito Santo de Deus é uma ação que se processa, também, de dentro para fora; do interior para o exterior. Por isso Jesus dizia com toda propriedade: “Eu de mim nada posso, mas o Pai que está em mim (dentro)”. E para anunciar que isto não era um privilégio só dele, dizia também: “Deus está dentro de vós”.
Esse Deus que está em nosso interior é a nossa Essência, a Origem. Este é que é o Eu verdadeiro, feito à “Imagem e Semelhança do Pai”. É com essa conscientização que podemos alcançar o entendimento profundo de que “Deus e eu somos Um”; e não somente Jesus é.
Nas lógicas do mundo humano, se perguntarmos a uma criança: Onde esta o seu pai? ____ Ela dirá graciosa: Papai tá “tabalhando!” ____ Também os adultos responderão coerentemente indicando o local onde se encontra o seu pai (humano) naquele momento. Porém, sempre iremos nos referir a eles (nossos pais humanos) como um ser que esta fora de nós.
Na lógica humana entendemos que: Eu sou um, e o outro é outro; que: Eu sou um, e o meu pai humano, é outro. Entretanto, a nossa “relação” com Deus não deve ser vista da mesma forma; não deve ser vista com a mesma configuração. Se Deus está dentro de nós conforme disse Jesus, o que precisamos é identificá-Lo... E vivê-Lo... E louvá-Lo... E honrá-Lo... De dentro para fora. Assim o Eu verdadeiro assume a Vida, e toda a humanidade viverá (de novo) no Jardim do Éden.
Deus seja louvado!