A VIDEIRA E AS UVAS
Silvio Marques
Ao longo dos meus tempos tenho visto comentários
críticos e por vezes muito maldosos de pessoas, com referencia a religiões,
doutrinas, cerimônias ou figuras religiosas. Sendo um ponto de vista de um ateu
nada deve ser levado em conta pelos religiosos, pelos que creem e pelos que
compreendem verdadeiramente a “existência” de Deus. Afinal, o que se pode comentar
sobre o que não se crer existir? O que não existe para mim (ou para qualquer
um) é nada. Portanto, nada se pode escrever ou comentar sobre algo que não tem substancia! E sendo assim: não precisamos ficar contrariados ou ofendidos quando os comentários vierem de pessoas como essas.
A propósito do
presente artigo, li, consultando a internet, esta frase de Pascal (Blaise Pascal: matemático, escritor, físico, inventor,
filósofo e teólogo católico francês) “A
impossibilidade em que me vejo de provar que Deus não existe, revela-me a sua
existência”. Compreendo-o perfeitamente e até me senti
“autenticado”. No ano de 2006, quando prestava serviços na Secretaria da
Agricultura do meu Estado, um amigo, pesquisador agrônomo, me provocou em desafio dizendo ___ Prova que Deus existe! ___
Respondi-lhe prontamente: Prova que Ele
não existe! ___ E completei: A mesma
exigência que você me faz para provar a Sua divina existência é justo que exija
o mesmo de você para comprovar o contrário!
Em se tratando, porém, de um missionário religioso, um
seguidor, ou até mesmo o fundador de uma organização religiosa fizer maus
comentários a respeito de outra, ou outras, denominações religiosas eu não
julgarei a sua entidade religiosa por isso; mas, inevitavelmente julgarei a sua
religiosidade.
Toda religião tem o Bem como substancia. Naturalmente
estamos considerando religiões do Amor, da Fraternidade. Portanto, a essência
de todas essas religiões de Amor provém de Deus. Considerando isto, vamos
viajar por esse caminho filosófico a seguir para compreender porque jamais
devemos pronunciar criticas ou maus comentários relativo a quaisquer religiões
ou cultos religiosos.
As Videiras
produzem Uvas; somente Uvas! A
videira, portanto, é fonte exclusiva de uvas. Mas, após as uvas produzidas serem
colhidas da videira, o “lavrador” pode fazer com elas o que bem entender que
deva fazer; poderá utilizá-las da forma que achar melhor com os frutos colhidos.
Poderá produzir, por exemplo, sucos, ou vinhos, ou sorvetes, doces ou geleias
de uvas, etc.; ou até mesmo oferecê-las in natura. Não obstante, a videira
continuará produzindo apenas Uvas.
Essa nossa Videira acima citada, aqui atuando como uma
alegoria literária representa Deus;
e as uvas produzidas são as Verdades
provindas de Deus (A Videira origem). Considerando analogamente que nem todos se
dispõem ao consumo de vinhos e preferem os sucos; e que outros tantos não
gostam de sucos, preferem consumir o fruto natural; ou outros tantos mais que
só preferem os doces, ou sorvetes de uva, nos projeta entender que Deus, misericordiosamente,
nos ofereceu diversas possibilidades de “consumir” as benditas substancias nutritivas do citado fruto,
levando em consideração os mais diversos “gostos e paladares” da humanidade,
seus filhos. Cada pessoa tem, enfim, o seu “paladar”. Ou seja: A verdade (a
uva) é assimilada conforme o preparo espiritual (paladar espiritual) de cada indivíduo.
Por isso mesmo entendo que a “produção” de diversos subprodutos da Uva foi verdadeiramente
necessária para oferecê-las ao mundo em conformidade com o “gosto”
(espiritualidade, preparo espiritual) de cada um. É verdadeiramente uma ação misericordiosa
de Deus.
É em razão disso que: tais quais várias espécies de
uvas e subprodutos de uvas foram oferecidas ao homem, assim também nos são
ofertadas diversas formas de assimilar a Verdade provinda de Deus. Daí as mais
diversas religiões; as mais diversas doutrinas; as mais diversas formas de
anunciar a Verdade; os mais diversos pregadores, cada qual com a sua
personalidade, que são os representantes de Deus como Deus Revelado neste mundo.
Portanto, não há o que ser criticado; não há benção ou bem algum em contestar a
religião ou religiosidade do outro. Cuide apenas da sua religião e da sua
religiosidade. O mínimo que os ensinamentos colhidos de uma religião podem
proporcionar aos seus seguidores é o respeito mutuo.
Você pode ter absoluta convicção de que a sua religião
é o top, a única verdadeira. Mas, do ponto de vista do outro a dele é que é a
mais perfeita. É natural que seja assim. Entretanto, da minha simples, livre e
honesta forma de ver, entendo que neste caso ambos estão com a religiosidade
carente de mais amor, reflexão e compreensão.
Mesmo que uma criança não conheça as Leis da Física essas
Leis não deixam de existir. Mesmo que um bebê ainda não conheça as formulas
matemáticas elas continuam sendo exatas. Uma criança bem que pode contestar
mentalmente a teoria da relatividade; torcer o nariz e achar muito estranho se
alguém vier falar-lhe de logaritmo. Entretanto, tudo isto se perpetua como Leis,
permanecem Verdades mesmo que alguém não as conheça ou reconheça.
Depois que me tornei adulto passei a considerar como Verdade
somente aquilo que após passar pelos meus “filtros” mentais (reflexão), ser
autenticado como bom. Contudo, mesmo que não reconheça ou compreenda a religião
do outro devo amá-lo, devo reconhecê-lo como Querido Irmão. Isto é o que todas
as religiões do Amor, da justiça, da fraternidade ensinam.
A Verdade Absoluta é o próprio Deus; são Leis eternas
e incontestáveis; transcende os limites ou alcance de todos os homens ou
doutrinas. Somente quando nos “debruçamos” na reflexão; oferecemos a nós mesmos
a oportunidade de evoluir e compreender a Vida, é que podemos avançar e
conhecer cada vez mais a Verdade.
Isso nos faz lembrar João 8:32
“E conhecereis a Verdade e a verdade vos libertará”...
...
Dar-lhe-á mais conhecimento e compreensão.
Abraços e Bençãos