24/09/2020

 A VIDEIRA E AS UVAS

Silvio Marques

Ao longo dos meus tempos tenho visto comentários críticos e por vezes muito maldosos de pessoas, com referencia a religiões, doutrinas, cerimônias ou figuras religiosas. Sendo um ponto de vista de um ateu nada deve ser levado em conta pelos religiosos, pelos que creem e pelos que compreendem verdadeiramente a “existência” de Deus. Afinal, o que se pode comentar sobre o que não se crer existir? O que não existe para mim (ou para qualquer um) é nada. Portanto, nada se pode escrever ou comentar sobre algo que não tem substancia! E sendo assim: não precisamos ficar contrariados ou ofendidos quando os comentários vierem de pessoas como essas.

A propósito do presente artigo, li, consultando a internet, esta frase de Pascal (Blaise Pascal: matemático, escritor, físico, inventor, filósofo e teólogo católico francês) “A impossibilidade em que me vejo de provar que Deus não existe, revela-me a sua existência”. Compreendo-o perfeitamente e até me senti “autenticado”. No ano de 2006, quando prestava serviços na Secretaria da Agricultura do meu Estado, um amigo, pesquisador agrônomo, me provocou em desafio dizendo ___ Prova que Deus existe! ___ Respondi-lhe prontamente: Prova que Ele não existe! ___ E completei: A mesma exigência que você me faz para provar a Sua divina existência é justo que exija o mesmo de você para comprovar o contrário!

Em se tratando, porém, de um missionário religioso, um seguidor, ou até mesmo o fundador de uma organização religiosa fizer maus comentários a respeito de outra, ou outras, denominações religiosas eu não julgarei a sua entidade religiosa por isso; mas, inevitavelmente julgarei a sua religiosidade.

Toda religião tem o Bem como substancia. Naturalmente estamos considerando religiões do Amor, da Fraternidade. Portanto, a essência de todas essas religiões de Amor provém de Deus. Considerando isto, vamos viajar por esse caminho filosófico a seguir para compreender porque jamais devemos pronunciar criticas ou maus comentários relativo a quaisquer religiões ou cultos religiosos.

As Videiras produzem Uvas; somente Uvas! A videira, portanto, é fonte exclusiva de uvas. Mas, após as uvas produzidas serem colhidas da videira, o “lavrador” pode fazer com elas o que bem entender que deva fazer; poderá utilizá-las da forma que achar melhor com os frutos colhidos. Poderá produzir, por exemplo, sucos, ou vinhos, ou sorvetes, doces ou geleias de uvas, etc.; ou até mesmo oferecê-las in natura. Não obstante, a videira continuará produzindo apenas Uvas.
                                              

Essa nossa Videira acima citada, aqui atuando como uma alegoria literária representa Deus; e as uvas produzidas são as Verdades provindas de Deus (A Videira origem). Considerando analogamente que nem todos se dispõem ao consumo de vinhos e preferem os sucos; e que outros tantos não gostam de sucos, preferem consumir o fruto natural; ou outros tantos mais que só preferem os doces, ou sorvetes de uva, nos projeta entender que Deus, misericordiosamente, nos ofereceu diversas possibilidades de “consumir” as benditas substancias nutritivas do citado fruto, levando em consideração os mais diversos “gostos e paladares” da humanidade, seus filhos. Cada pessoa tem, enfim, o seu “paladar”. Ou seja: A verdade (a uva) é assimilada conforme o preparo espiritual (paladar espiritual) de cada indivíduo. Por isso mesmo entendo que a “produção” de diversos subprodutos da Uva foi verdadeiramente necessária para oferecê-las ao mundo em conformidade com o “gosto” (espiritualidade, preparo espiritual) de cada um. É verdadeiramente uma ação misericordiosa de Deus.

É em razão disso que: tais quais várias espécies de uvas e subprodutos de uvas foram oferecidas ao homem, assim também nos são ofertadas diversas formas de assimilar a Verdade provinda de Deus. Daí as mais diversas religiões; as mais diversas doutrinas; as mais diversas formas de anunciar a Verdade; os mais diversos pregadores, cada qual com a sua personalidade, que são os representantes de Deus como Deus Revelado neste mundo. Portanto, não há o que ser criticado; não há benção ou bem algum em contestar a religião ou religiosidade do outro. Cuide apenas da sua religião e da sua religiosidade. O mínimo que os ensinamentos colhidos de uma religião podem proporcionar aos seus seguidores é o respeito mutuo.

Você pode ter absoluta convicção de que a sua religião é o top, a única verdadeira. Mas, do ponto de vista do outro a dele é que é a mais perfeita. É natural que seja assim. Entretanto, da minha simples, livre e honesta forma de ver, entendo que neste caso ambos estão com a religiosidade carente de mais amor, reflexão e compreensão.

Mesmo que uma criança não conheça as Leis da Física essas Leis não deixam de existir. Mesmo que um bebê ainda não conheça as formulas matemáticas elas continuam sendo exatas. Uma criança bem que pode contestar mentalmente a teoria da relatividade; torcer o nariz e achar muito estranho se alguém vier falar-lhe de logaritmo. Entretanto, tudo isto se perpetua como Leis, permanecem Verdades mesmo que alguém não as conheça ou reconheça.

Depois que me tornei adulto passei a considerar como Verdade somente aquilo que após passar pelos meus “filtros” mentais (reflexão), ser autenticado como bom. Contudo, mesmo que não reconheça ou compreenda a religião do outro devo amá-lo, devo reconhecê-lo como Querido Irmão. Isto é o que todas as religiões do Amor, da justiça, da fraternidade ensinam.

A Verdade Absoluta é o próprio Deus; são Leis eternas e incontestáveis; transcende os limites ou alcance de todos os homens ou doutrinas. Somente quando nos “debruçamos” na reflexão; oferecemos a nós mesmos a oportunidade de evoluir e compreender a Vida, é que podemos avançar e conhecer cada vez mais a Verdade.

Isso nos faz lembrar João 8:32

“E conhecereis a Verdade e a verdade vos libertará”...

            ... Dar-lhe-á mais conhecimento e compreensão.

Abraços e Bençãos 

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