Silvio Marques
É
perfeitamente compreensível os cristãos afirmarem que só Jesus Cristo salva; só
Jesus Cristo é o salvador. Este é dogma de sua doutrina religiosa e deve ser
incondicionalmente respeitado. O lamentável é que são poucos os seguidores de
Cristo que têm um coração generoso (ou não preconceituoso) a ponto de
considerar que nem todos pensam assim, ou se obrigam pensar assim também. Somente pessoas menos atentas e (ou) menos
sensíveis podem expressar frases como esta relativa à salvação, sem considerar
que seja esta uma conceituação própria, individual. E em razão disto fica
perceptível um sintoma de pouca espiritualidade nessas pessoas. Penso que pela
fé que têm elas não precisam repensar seus conceitos; mas precisam observar com
mais atenção as palavras que pronunciam, antes de pronunciá-las. “As
substancias mentais” que essas palavras podem produzir no outro que as houve, nem
sempre têm os efeitos imaginados.
A
afirmação de que “Somente Jesus Cristo salva” tem sido ampla e orgulhosamente
dita por maioria dos cristãos ao longo dos tempos, pensando esses estarem
publicando uma Verdade Absoluta. Mas que não é. Mesmo que eles não consigam “enxergar”
de outra forma (o que é muito natural), não devem ter a única expectativa de
que o outro tenha que concordar.
Muitas vezes
uma substancia alimentar muito nutritiva e até fundamental à saúde humana, pode
promover danos à saúde de uma pessoa, dependendo das condições em que são
oferecidas ou ingeridas. Precisamos sempre observar algumas condições antes de
servir ou de consumirmos alguma porção alimentar. Analogamente, às palavras que
proferimos devem estar sempre substanciadas com um pouco de critério e
adequação quando as “oferecemos” aos ouvidos dos outros.
Esta frase
sempre que é proclamada trás encantamento para aqueles que seguem a Jesus; mas
em contrapartida pode produzir “toxinas mentais” nas almas de muita gente que
não é cristã; e até de alguma forma ofendê-las. Isto faz do cristão que a
pronuncia um presunçoso; um circunstancial agente da desarmonia, do desrespeito
e da intolerância religiosa universal. Tudo isto é contrario a fraternidade
anunciada nos evangelhos cristãos. Alguns até tem consciência disto; mas falam
assim mesmo como se estivesse defendendo e laureando o “seu time”.
Dizer
que somente a Bíblia seja “a palavra de Deus” é outra perigosa agressão e uma insana
discriminação. A Verdade não é o “livro”. Milhões de livros trazem a Verdade.
Só não enxerga a Verdade em outros livros que não sejam os seus, aqueles que não
os lê ou que de fato não conhecem a Verdade. Os livros, todos eles, somente
contêm letras e imagens impressas. A Verdade que os escritos anunciam já está “instalada”
desde o principio na mente de quem a lê ou que a houve. Ou você a reconhece... Ou
você não a conhece.
Dizem
que Jesus não agradou a todos. Sim, isto é muito natural. Sakyamuni Buda,
também não agrada a todos. Moisés, o profeta Maomé, outros tantos profetas, eu
e você quando pronunciamos a verdade, também nem sempre agradamos ou somos
entendidos. Mas isto não representa uma prova de incapacidade ou divindade de
nenhum de nós. Trata-se de afinidade, de identidade; e no “terreno” religioso
trata-se de nível espiritual dos que de alguma forma nos “assistiram”. A
Verdade é a Verdade; não importa em que livro ou que boca seja anunciada.
Não sejamos tão “endurecidos” nas nossas doutrinas e conceitos. Quem
absorveu de fato a essência de sua religião, qualquer delas, já despertou a
alma generosa, essência divina no homem que é filho de Deus. Esse vive livre na
leveza do amor e da Fraternidade que a Verdade proporciona.
Observem bem: A moqueca do baiano, do carioca,
e a moqueca de outros estados, por vezes são bem diferentes da famosa moqueca
capixaba. Uma pode ser mais apreciada do que a outra; mais bonita do que a
outra; mais perfumada ou atraente do que a outra. Entretanto, o que de fato nutre
o corpo do homem são as substancias que estão no peixe. E eles na essência são
exatamente todos iguais; e estão em todas as “moquecas”.
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Quando as pessoas conseguirem transcender esta ideia absurda de que Deus é
(ou foi) um “homem” que nasceu na terra de forma individualizada e única (como
Buda ou Jesus); ao mesmo tempo em que estará expandindo o seu conceito a
respeito de Deus; universalizando Deus; dissolvendo um único personagem
espiritual num todo, infinito e eterno; elas enfim poderão sentir a
individualidade Dele em cada um de si mesmo.
Essa dependência de algo (ou alguém) forte e poderoso que está do lado de
fora de “mim”, que pode e precisa vir “me ajudar”, nada mais é do que a prova
inequívoca do conceito de fraqueza que as pessoas fazem de si mesmo.
E eu fico a me perguntar: Como podem chamar de Pai Poderoso um pai que
criou filhos tão fracos e dependentes? Não veem que o poder de um criador têm
de estar substanciado na criatura que ele criou? Ora! Um edifício mal
construído não pode ser legado de um notável e competente engenheiro! Se a obra
por ele construída apresenta imperfeições, são elas mesmas que certificam a sua
incompetência.
Tu te sente um majestoso e robusto palácio; ou um misero e sujo barraco?
Se voce se sente um ser inferior, não é digno de Deus! Precisa despertar o
Filho que já está em você “desde o principio”.
Derrube esse “barraco mental”, já! Não ficarás desamparado, sem “moradia”
como lhe pode parecer! Esse barraco nada mais é que um sonho, um pesadelo, uma
ilusão! Somente despertando desse sonho, “rasgando essa caixa, essa embalagem”,
é que poderá aparecer a obra original de Deus em você!
Eu bem sei: Tu és Filho de Deus; é meu irmão! Forte,
Competente e Amoroso, porque és Herdeiro de todos os dons de nosso Pai Criador!
Viva, pois, a Sua essência verdadeira.
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