Silvio Marques
Pelos tantos que vi por aí pregando; entendo, baseado nesses
exemplos, que são muitos os missionários que anunciam a Verdade como autênticos
e competentes professores. E penso que seja a grande maioria.
Sejam rabinos, preletores, pastores ou sacerdotes; os religiosos
anunciam a Verdade seguindo um roteiro daquilo que extraíram das suas
respectivas fontes de consultas. E
a isto se dá o nome de “doutrina”.
Entretanto, nem sempre ou nem todos conseguem reconhecer a Verdade
quando estão diante dela. Se a Verdade tiver outro formato, outra idéia, outro
mentor (principalmente) que não seja emanada da sua idéia religiosa, ela é
rejeitada sem nem mesmo “ser aberto o pacote”. Mesmo porque, ainda que se
preste a analisar até cuidadosamente (abrir o “pacote”); em razão de os seus
princípios religiosos serem outros, não conseguirão apreender a essência
exposta. Se não tiverem a “cara” que os seus “olhos” conhecem, rejeitam-na. E a isto se dá o nome de
“fundamentalismo”.
A Verdade viva, que é imutável e independe de doutrinas, só tem
uma fonte e não está estabelecida em nenhum lugar de forma privativa ou
exclusiva. Algumas organizações religiosas até pensam que detém a “patente”.
Esta fonte é Deus. E em forma de Amor, Justiça e Leis, esta dentro de cada um
de nós. _____ Graças dou!
Aquele que tem um coração verdadeiramente puro; ainda que não
acertasse nenhuma das perguntas de um hipotético questionário elaborado para
medir o seu conhecimento acerca da Verdade, não deve se sentir menor diante de
Deus. E muito menos diante dos homens. Porque tudo se resume nisto: um coração
puro.
O que importa o conhecimento; o que importa o pastor ou o
discípulo, se não operarem o ensinamento? Sejamos, portanto, operários do Amor
e da Justiça!
Não basta conhecer. Aquele ao qual lhe foi concedido conhecer, é
porque foi escolhido para anunciar. Porém, mesmo não conhecendo basta vive-la.
Basta viver a natureza divina, que é a nossa verdadeira essência, para que
sejamos bem aventurados habitantes dos Céus.
A essência Divina é o Amor. Entretanto, não é imprescindível que
se saiba disto. A Verdade é como o alimento material que alimenta o corpo. Não
é preciso o corpo entender de nutrição para poder se alimentar e fortalecer-se.
Basta comer. A necessidade do alimento, a fome, nos faz buscar esta provisão
naturalmente. E eu quero dizer que a fome de felicidade em que o mundo vive,
faria banquete todos os dias se as pessoas oferecessem mais Amor, simplesmente.
____ Ai desses “professores” quando não tiverem (ou não puderem)
mais no que consultar (seus livros sagrados)! Terão perdido a “Luz”?
A Verdade deve ser vivida antes de ser anunciada. Vivida pelo
menos numa profunda reflexão. Temos que anuncia-la como um testemunho vivido.
Se não for assim, quem a ouvir poderá fazer uso dela como se estivesse tomado o
nosso tesouro para si.___ Bom para eles!
Certa vez um religioso estava na porta do céu pelo lado de fora
reverenciando a chegada de novos espíritos que adentravam ao Paraíso. Nesse dia
um de seus ex-discípulos que chegava, o reconheceu e perguntou:
____ Mestre, o senhor não vai entrar?
E esse mestre lhe disse:
____ Ainda não tenho permissão! Eu lhe ensinei, mas não pratiquei!
Você praticou e por isso fez por merecer os céus! Eu, porém, só agora estou
praticando para merecê-lo também!
Muitos “mestres” anunciam a Verdade (muitas vezes,
inconscientemente) para mostrar para si mesmos que sabem; que são superiores.
Estes devem fazer uma séria reflexão. Surpresos irão descobrir que ao invés de
amor, tem alguma espécie de desprezo pelos que os ouvem.
Não devemos nos sentir superiores. Porque não somos mesmo.
Qualquer sensação de superioridade é um desprezível sintoma de presunção e de
falta de humildade. O auto-falante (a caixa de som) não é a verdadeira voz que
ouvimos; por isso não deve ser louvado ou aplaudido. A voz também não é o fio
condutor, e também não é o microfone. Porque o pastor deve pensar que é o
grande elemento da questão se nem é dono da própria voz? E o que dizer então da
Verdade que anuncia? É ele o criador da Verdade? ____ Nós somos apenas “auto-falantes
de Deus”!
A propósito do titulo deste texto (O que é a Verdade?), ele parece
não ter sido respondido no decorrer desta exposição. E o que o torna muito
atraente é o fato de Jesus Cristo não ter respondido tal pergunta ao governador
Pôncio Pilatos, conforme narrativa bíblica. Mas neste caso ele não o fez
simplesmente porque sabia que devemos sempre observar três indispensáveis
quesitos antes de anunciar a Verdade: a pessoa, o momento, o local. Naquela
ocasião, nem o momento e, principalmente a pessoa não se adequavam à ação.
Porém eu lhes digo, em resumo, que a Verdade é o Bem. É nisto que se resume a
Verdade Divina. E se te perguntarem o que é o Bem, diga-lhe que é o Amor e a
Justiça. E, se não satisfeitos lhe perguntarem o que é o Amor e a Justiça;
então lhe diga que isto é a Verdade. Mas se ainda voltarem ao principio
perguntando-lhe: o que é a Verdade? Sejas então sábio e cala-te; pois você esta
diante do histórico governador outra vez. São cheios da matéria, mas são pobres
do espírito.
Muitos são os que ainda não tem amadurecimento para compreender a
Verdade. Os mais imaturos são aqueles que vêem a morte como um fim. Esses terão
surpresas. Entretanto, ainda que surpresos, não ficarão decepcionados. Afinal,
se eles não têm nenhuma expectativa quanto à vida após a morte; não há do que
se decepcionar. Decepção haverão de ter esses que pensam que Deus é propriedade
particular de sua igreja e dos seus livros; e que pensam que eles têm lugar
reservado nos céus porque falam em nome de Deus. A senha não esta na boca que
anuncia, mas no coração puro de amor que pratica, reage e vive.
Mesmo que se anuncie a Verdade de forma equivocada, que se anuncie
um deus ilusório ou incorreto; se a intenção ardente é a de iluminar o outro
por crer no que crê, e age por instinto de Amor; tanto este quanto também o
outro, porque crê também, estarão iluminados. Estes já alcançaram
infalivelmente o Reino de Deus.
Só o Amor salva. Só o Amor salva.
Amemos! Isto é Vida! Isto é, em resumo, a Verdade!
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