13/04/2012

“MATEUS 19 / 03-12”

Silvio Marques

Certo dia um amigo me questionou sobre qual o entendimento que eu teria a respeito do capitulo 19 do evangelho segundo Mateus. Esse capítulo fala sobre o divórcio. A razão disso era que ele estava em fase de separação conjugal e talvez estivesse buscando em minhas palavras algum alento ou alguma justificativa que pudesse fortalecer a sua (já tomada) decisão.
Como sou livre das imposições religiosas, sinto uma grata e singela aproximação espiritual com Jesus, tendo-o como um amado mestre. Assim, sem nenhum “protocolo” ou exacerbadas reverências tento entender as mensagens desse mestre, vendo-o na condição de um grande e amado amigo.
Talvez possam existir interpretações mais espiritualizadas, místicas, reverentes, menos pragmáticas do que a minha. Entretanto, observando com um pouco mais atenção os versículos de 3 a 12, pude extrair o que a seguir passo a expor; entendendo, ainda, que possa também existir algumas pessoas que não consigam ver estas minhas conclusões de forma tão “coloquial” como se parece para mim. Mas é bom que fique esclarecido que estas conclusões estão em nível do alcance de minha espiritualidade. Portanto, é natural que possa não ser entendida por alguns, ou ficar até muito aquém de outros.

Analisemos o Evangelho:

versículo 03 = os fariseus questionam Jesus... é lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
versículo 04 = responde Jesus: “não tendes lido que aquele que os fez no principio, macho e fêmea os fez”?
versículo 05 = portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne.
versículo 06 = assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou não o separe o homem.

No versículo quatro, Jesus, em resposta aos fariseus, está sinalizando o fato de que é missão do homem e da mulher, que são parte da natureza na condição de macho e fêmea, se “ajuntarem”. No quinto ele indica o casamento como um abençoado propósito para o cumprimento desta missão. E no sexto ele aponta o sentimento de amor, cuja fonte é Deus, o executor do ajuntamento do casal; o ajuntamento das “metades das almas” para formar uma só; em uma só carne. Porém, nesse ponto muitos entendem que este “ajuntamento” é feito (ou somente é considerado) quando realizado por um padre, pastor, ou um dos mais diversos líderes religiosos. Ou seja: que o casamento só é considerado quando realizado pela igreja (em nome de Deus). Mas isto é apenas um costume; faz parte das culturas. Pois é o sentimento de amor que representa Deus no ajuntamento (... e que não o separe o homem).

versículo 07 = volta a perguntar-lhe os fariseus... então porque mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
versículo 08 = responde-lhes Jesus: Moisés por causa da dureza dos vossos corações vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.
versículo 09 = eu vos digo, porém que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.

No oitavo versículo, Jesus, respondendo ao que lhe foi questionado no sétimo, fala na “dureza” de coração, referindo-se ao esfriamento (congelamento) do sentimento de amor, que no começo da relação não foi assim. No começo era cálido e festivo. E sendo assim, para que manter uma relação cujos corações estão “endurecidos pela frieza”? No “gelo” não germinam sementes, que é a razão fundamental do “ajuntamento”.
No versículo nono o mestre volta a considerar o amor como à verdadeira presença (concessão) de Deus no seio do casal. Se qualquer dos dois, mesmo amando o outro deixá-lo por questões de pura conveniência, estará “adulterando” a instituição casamento (ajuntamento de Deus). Na verdade ele (ou ela) não comete adultério somente em caso de infidelidade para com o outro. Não se trata de traição de um para com o outro. Estão traindo ao sentimento de amor; a concessão do ajuntamento. Estão traindo é a Deus, portanto.
Naquele tempo os fariseus e discípulos infelizmente entendiam a mensagem (como ainda hoje a grande maioria entende) de forma superficial, sem profundidade.   Por isso, considerando o que Jesus disse no versículo nono concluíram com medo de ficarem expostos:

versículo 10 = ... se assim é a condição do homem com relação à mulher, não convém casar.

Na verdade eles concluíram que sendo assim como Jesus disse, o casamento seria uma espécie de ameaça; uma iminente armadilha para o pecado e a desobediência; e que o melhor seria então, ficar longe dele “... não convém casar”.  Mas, ora! Se um homem não quer se juntar (no sentido de casamento) a nenhuma mulher, sendo esta a sua condição natural (de natureza); para que então manter-se como macho ativo se a procriação (a relação sexual) só é abençoada através do casamento?
Jesus entendeu perfeitamente a apreensão deles. Por isso orientou-os que, se não pudessem casar, pois que se castrassem. Isto fica bem claro ao citar os eunucos nos versículos finais (11 e 12).

versículo 11 = ... nem todos podem receber esta “palavra” (o amor, o casamento), mas só aqueles a quem foi concedido.
versículo 12 = porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há os que castraram a si mesmos por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.

Os “castrados” não podem receber o amor ou o casamento instituído por Deus, porque não haveria razão de ser. Porisso entendo que os eunucos nascidos do ventre da mãe, podem ser os indivíduos que nasceram com complicações genitais; os débeis mentais que não sentem atração sexual; também os homoafetivos; etc.
Os eunucos que foram castrados pelos homens, são aqueles, por exemplo, que naquela época eram castrados como punição, ou, ainda, aqueles que eram castrados pelos seus senhores para servirem de guardas dos seus haréns. Também nesse grupo podem encontrar-se novamente os homoafetivos, uma vez que os mesmos não utilizam os órgãos “sexuais” como deveriam por força da natureza (embora muitos casais também não).  E quanto aos eunucos que se “castraram” a si mesmos por causa do reino dos céus, são os celibatários religiosos: padres, sacerdotes, monges, etc.
No primeiro grupo considerei a possibilidade de estarem incluídos os homoafetivos. Isto porque, alguns deles podem estar reparando questões de vidas passadas. Mas também voltei a incluí-los no grupo dos castrados pelo homem. Vários fatores psicológicos podem “desviar” uma pessoa para assumir tal personalidade. As fantasias deste mundo e os traumas de infância são os mais comuns. Ouvi relatos de algumas destas pessoas, que disseram ter reencontrado suas verdadeiras identidades e que afirmaram estar muito felizes. Portanto, que viveram um passado contrário a sua natureza apenas por não terem conhecimento da verdade. Hoje, disseram, estão libertos simplesmente porque a conheceram.
Com todo o respeito (com todo o respeito mesmo), sugiro aos homoafetivos no sentido de refletirem um pouco mais à Vida. Mesmo que doa na sua alma, ou que esta opinião os incomode, a verdade é que o mundo não poderia viver sem os homens, sem as mulheres, sem as aves, sem os animais, sem a água, os ventos, as árvores, enfim. Mas os homoafetivos não fariam nenhuma falta à Natureza. Não tem mesmo nenhuma serventia para a Vida.
Assim, considerando a suprema criação, a Vida no seu mais profundo sentido, a relação entre pessoas do mesmo sexo não é uma relação natural (de natureza). Entretanto, simplesmente devemos respeitá-los em sua vontade. Ainda que, pelo exposto, não abençoemos as suas relações, também não nos é lícito amaldiçoá-los, muito menos discriminá-los. Nem como cidadãos, nem como irmãos.
_____É assim que entendo!
Foi tudo o que “disse” ao meu amigo.

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