Silvio Marques
O que somos? Humanos “aprendendo” a ser espíritos? Ou, espíritos encarnados aprendendo a ser gente?
Desde os primeiros momentos de vida humana (e acredito que mesmo antes do nascimento) somos aprendizes das Leis e dos conceitos humanos para poder melhor vivenciarmos neste mundo da matéria.
Desenvolvemos as sensações dos cinco sentidos, dos relacionamentos; apuramos os resultados das nossas atitudes; observamos os nossos sentimentos, entre outras tantas ações; sempre com o objetivo de conquistarmos nosso próprio conforto e contentamento. “Assim caminha a humanidade”.
Norteados por estes “interesses”, os valores que se busca são prioritariamente materiais; pois essas “riquezas” é que podem promover qualidade de vida, tranqüilidade, conforto e prazer (contentamento). Por isso essa constante “caça ao tesouro”. Entretanto, quando as pessoas alcançam certa idade mais avançada esses interesses passam a não ser mais tão sedutores. Advém uma inconsciente necessidade de se vislumbrar novas perspectivas. Pressente-se que no presente “Livro da Vida” é iminente a passagem das ultimas paginas.
Seres pensantes que somos, até mesmo na adolescência podemos ter consciência de que este “livro” um dia irá acabar. Mas também é possível pressentir que “este ser” irá permanecer após o termino do “livro”.
Infelizmente, mesmo tendo esta consciência da eternidade da Vida, não bastará abrir outro “volume da coleção” e prosseguir o aprendizado (ou despertar). Nem sempre as Leis e conceitos aos quais nos apropriamos durante a primeira “leitura” nos indica concretamente as “novas possibilidades”. E, a julgar pela maneira filosófica e doutrinária como têm sido anunciadas as “coisas espirituais” pelas religiões tradicionais, o máximo que acontecerá ao homem que as seguem será o de passar das trevas para a Luz. Ou seja: da posição A, para a posição B. Situação esta que vamos denominar de: “encontrar a ponte” ou “subir na ponte iluminada”.
Esta tem sido a sorte de quem, enfim, encontra o verdadeiro caminho: “das trevas para a Luz”; de A para B; “subiu na ponte”. E o individuo se delicia, se satisfaz; rejubila-se.
Mas, plagiando J.J.Benitez – Coleção Cavalo de Tróia, “toda ponte foi feita para atravessar, não para se estabelecer”. Não podemos fixar residência na ponte. É imperioso prosseguir.
No contexto aqui exposto, passar de A para B (das trevas para a Luz) é uma grande Graça, sim. Entretanto, o homem deve perceber que existe ainda um imenso “alfabeto” para conhecer e atravessar. Depois de A vem B, mas o alfabeto esta só no começo. Há ainda muito mais do que se pode perceber, mesmo que façamos profundas reflexões. Quando se chega à letra “Z”, a “leitura” ainda não acabou. Haverá outros tantos alfabetos, e assim será para todo o sempre. Novas e seqüentes possibilidades.
Este texto pode até causar certo desanimo ao leitor; projetar certo “cansaço” mental. Mas lhe digo que se isto acontecer, será em razão das promessas de Paraíso que lhe fizeram, e que não foi tão bem compreendido como deveria. Saiba que, apesar de os religiosos insistentemente darem entender que o paraíso seja uma espécie de ponto final, de “podium de conquistas”, eu lhe digo que o Paraíso é também uma espécie de caminho. Um novo Caminho. É o prolongamento da Vida em Expansão e aperfeiçoamento. Só que, então, no gozo dos méritos. Você já esta nele desde que passou de A para B. Portanto, “B” já é o Paraíso. Viva-O. Sinta-O, e siga em frente. E que Seja Bem Vindo!
Não se iluda que um dia encontrarás, enfim, a faixa de “CHEGADA”. Daqui a cem anos estaremos evoluindo espiritualmente. Também daqui a quinhentos, mil, dois mil anos. Daqui a mil anos, ou um milhão, teremos tanto a aprender e evoluir quanto hoje. E não estou falando das pessoas que ainda virão. Estou falando do “você eterno”. Sem começo, sem fim.
Sei que o mundo ainda não está preparado para ler ou ouvir isto; mas digo, por minha conta; digo por mim: Antes de Abraão ser, eu também sou!
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