Silvio Marques
Lua se sentia um cara muito
esperto. Solto, irreverente, espirituoso, criativo e alegre; do tipo moleque. Isso
era a fotografia da sua personalidade. Mas era o tipo de sujeito que não
respeitava limites nem regras. Para ele não tinha esse negócio de preferências,
considerações, normas sociais, nem outras regras quaisquer; o que obscurecia a
sua envolvente simpatia.
Para que se possa viver bem em comunidade e em
perfeita harmonia com ela, é preciso respeitar os direitos dos outros até o
limite em que eles deverão respeitar os nossos também. Respeitar os conceitos
de que: quem chega primeiro tem preferência; respeitar a lei do silêncio;
respeitar a propriedade alheia; respeitar e manter a ordem até na mais
insignificante das filas ou ocasiões; são algumas, entre tantas outras regras,
que devem ser observadas para que possamos ter um mínimo de harmonia nas nossas
relações com a coletividade.
Mas Lua não ofertava
qualquer oferenda a estas convenções.
Mestre da “lorota” e do “171” , sempre arquitetava um
“jeitinho esperto” para furar as filas; desrespeitando, assim, os direitos dos
outros; e também semeando a contrariedade no coração alheio.
Certo dia Lua se deitou para
tirar um cochilo e não conseguia mais acordar. Em seu próprio sono ele se
inquietava angustiadamente com a situação e se perguntava desconfiado: “O que é
que esta acontecendo? Acho que já era para eu ter acordado deste sono! Será que
estou tão cansado assim?
E por mais que ele se
debatesse ou relaxasse para o tempo passar, o seu despertar não acontecia.
Muitos e muitos tempos se
passaram para que Lua se desse conta de que não mais pertencia ao mundo terreno.
Já um pouco refeito do
choque e desperto no outro mundo; Lua quis saber os detalhes e os porquês de
seu tão inesperado “passamento”. Algumas almas que por ali estavam, lhe
disseram: “Vá procurar explicações prá Jesus!” ____ e ele então perguntou:
“Onde posso encontrá-lo?” ____ ao que as almas responderam: “É aqui mesmo!
Entre nesta fila ai! Mas não tente furar não porque ele já te conhece!”
Quando chegou a sua vez,
Jesus disse: “Próximo!”
Lua então se apresentou e
questionou a Jesus o que era óbvio:
___ Senhor, Porque eu morri
tão cedo?”
E Jesus respondeu:
___ Todos temos um tempo lá na
terra que dá exatamente para cumprir a missão que nos foi determinada! Cada vez
que você furava a fila lá embaixo, você abreviava o seu tempo de vida! Pensamos
que você estivesse com muita pressa de retornar para cá! ___ e lhe ensinou mais: ___ Cada vez que uma
pessoa rouba a outra, ela também abrevia o seu tempo de vida na terra; porque
se ela não roubasse do outro, ela levaria um tempo maior para conseguir com
trabalho árduo e honesto aquilo que tirou do outro! É por isso que os ladrões
morrem mais cedo! ___ e seguiu ensinando
___ Também os corruptos e os que buscam prazeres intensos e constantes, estes
estão condensando as suas conquistas e satisfações. E sendo assim, não precisam
de muito tempo para viver! Entendeu, irmão?”
Incrédulo e triste, Lua aos
prantos implorou:
___ “Então ainda não era hora
de eu morrer, Senhor? Por favor, me deixa descer para cumprir o meu tempo
previsto!”
E Jesus disse:
___ Não é o tempo que esta previsto,
são as obras, as ações! E você já completou as suas! Fez tudo bem rapidinho!
_____ e continuou_____ Para seu contentamento,
saiba que você vai descer, sim; um dia vai descer; muitas outras vezes! Mas
acontece que não dá prá ser agora! Tem muitas outras almas na sua frente... e
você não vai querer furar a fila ... Vai?
Advertência
do autor: Não sou da
opinião de que viemos a este mundo com tempo, nem com tarefas determinadas; a
não ser praticar o amor. Este conto é apenas um alerta para aqueles que se
acham espertos. Nenhuma vantagem conquistada de forma ilícita ou injusta fica
sem o seu devido resgate; e será ainda herança de seus filhos.