Silvio
Marques
Nos mares da
costa de meu estado, Espírito Santo, costumava pescar embarcado com um amigo;
que no momento já navegou para um pouco mais longe; para o “outro lado da vida”.
Durante a nossa navegação indo aos pontos de pesca, na ociosidade do tempo e o
silencio, eu ficava observando e refletindo sobre tudo à minha volta. Para tudo
o que olhamos, vemos e refletirmos, extraímos lições. Invariavelmente.
Certo dia,
ao lado da embarcação, na ausência de outras imagens que não fosse água, ondas,
o sol, meu amigo e o barco, fui arrebatado por uma imagem diferente! “O lixo nas correntes marítimas”! Navegavam juntos
bem próximo de nosso barco, obedientes sob a imposição dos fluxos da corrente! Tinha um quase de tudo naquele lixo: galhos de
arvores, mergulhões do mangue, sacola plástica, pote de iogurte, e até cocô! Parecia
uma saltitante procissão de condenados desiludidos! Fiquei preguiçosamente
observando!
Até lembrei-me de que quando éramos
livres adolescentes que nadávamos nas águas das marés do Bairro Santo Antonio,
aqui em Vitória, minha terra; era comum dividirmos espaços com cocôs de humanos
que boiavam em nossa direção. O primeiro que os avistava, gritava em
advertência para os demais: “Olha o
marinheiro”! E a gente desviava de um possível “encosto”.
Mas, despertando
desse devaneio a minha mente tomou os controles daquela preguiça, e
repentinamente me tirou daquela inércia! Então, pensei um pouco mais atento:
De fato muitas pessoas caminham as suas
vidas quase que totalmente entregues aos “impulsos do destino”, igualmente ao
lixo nas correntes marítimas! Suas vidas são impulsionadas pelo pai, mãe, o
chefe, o presidente, o irmão mais velho, o padre, o pastor! Parece que vivem
irresponsavelmente ao tom do: “deixa a vida me levar”! Sem nenhuma ação ou
determinação! Sem auspiciar escolhas ou promover opções! Derrotados ou desanimados,
seguem aos impulsos dos acasos, do “talvez, quem sabe amanha”. E assim o tempo
vai passando: seguem-se os dias, as semanas, meses, anos... e elas permanecem a
esperar! Exatamente como as fezes nos mares, que sobem e descem sob o comando
das correntes até desintegração total!
Não somos despojos humanos, não somos
“os marinheiros” das correntes marítimas! Temos mente, forças, poder de
decisão! Podemos, se quisermos, “nadar” em outras direções, promover outras
possibilidades; virar a “pagina do livro da vida”, ou até, mais corajosamente,
trocar o “próprio livro”. Cada dia é uma oportunidade para uma nova vida. Cada
minuto pode ser o inicio de uma nova vida cheia de possibilidades. Só depende
de você decidir que precisa ser assim, que vai ser assim. Atropele o passado;
arranque-o da sua mente como uma cirurgia de câncer de pele. Lembre-se que antes
da “cirurgia” ele existia, mas agora não existe mais. O segredo é praticar o
Bem em todos os seus atos. Exercite isto em todos os momentos a partir deste
minuto. Logo você se verá outro “eu”; e o de antes... este não existe mais; era
falso, desapareceu.
O Mestre Jesus, disse: “A Verdade vos
libertará”! Mas não se trata de verdade religiosa; trata-se de a Verdade de que
você é Filho de Deus, que traz em si todos os dons de Deus por herança e
extensão. Assim como os cerejas trazem todos os “dons” das Cerejeiras.
Os dons de Deus lhe obriga, por
missão e naturalidade, a ser pessoa que somente pratica o bem. Este é nosso
Natural. Ser Mal (desonesto, egocêntrico, canalha) não é uma sina, não está
estabelecido no destino de ninguém. Muito menos é um dom. Ser mal é apenas uma
opção sua. Voce pode mudar. Não precisa seguir a “corrente do mal” incessantemente
como que dominado por ela até a morte.
Não somos Cocô.