Silvio Marques
Dizem que errar é humano. Tudo bem. Do ponto de vista humano,
o espírito vivente incorporado na carne que esta neste mundo vivenciando
lições, erra. Comete erros, sim. Mas o homem não deve se acomodar nesta
configuração de permanecer errando simplesmente porque o ser humano pode errar.
Isto é o que não lhe é permitido: se acomodar. As lições têm de servir para
alguma coisa. Dizem até que “errar é humano, mas permanecer no erro é burrice”.
É verdade. Permanecer no erro pode ser também: preguiça, cegueira, má vontade,
falta de atenção para com a vida.
Mas do ponto de vista espiritual, numa reflexão um pouco mais
atenta, essa coisa de “errar é humano” pode passar a ser uma idéia sem muita consistência.
Do ponto de vista espiritual errar não é humano, porque humano na questão é tão
somente o corpo físico; e ele não tem autonomia para errar. Corpo não tem mente
autônoma. Autônomo é o ser espiritual que conduz este corpo carnal.
Certo dia vi um religioso dizer na televisão que o homem tem
corpo, mente, alma e espírito. Penso que são muitos “elementos” para uma
dinâmica só. Como é dito num determinado segmento religioso: “o corpo é apenas
o cavalo do espírito (ou alma, ou mente, ou ser pensante)”. Enfim, o elemento
pensante, o elemento dinâmico no homem pode ser chamado de mente, de alma, ou
de espírito. É uma coisa só. Se alguém duvida disso; tudo bem; tente
separá-los. Separar o corpo físico da mente (ou alma, ou espírito) é muito
fácil, claro, “visível”. Mas separar mente, de alma, de espírito, um do outro,
é fazer decorações filosóficas para dar sentido a teorias.
Até mesmo a memória, que é o “arquivo” das nossas ações, faz
parte dessa mesma mente que não é um elemento material. É engano pensar que as
memórias estão gravadas num elemento material chamado cérebro. Ele é o órgão de
ligação do ser espiritual com a matéria, sim; mas ele não pode gravar elementos
imateriais chamados “lembranças, emoções”. É por isto que uma pessoa com
problemas psíquicos pode ser curada com ações religiosas.
Pensamos muito pouco a respeito das Leis da Vida, da
existência como um todo. Como disse o compositor e cantor Paulinho da Viola e
seu parceiro Hermínio Belo de Moraes: "A vida não é só isto que se vê, é
um pouco mais que os olhos não conseguem perceber”.
Para melhor ilustrar esta questão vejamos este análise:
Um tijolo de construção é feito de areia e argila. Mas embora
nos pareça que sim, por si só este tijolo não tem consistência própria. Não é
simplesmente porque a liga da argila mantém unidos os grãos de areia, que o
tijolo mantém a sua forma. O que de fato mantém as partículas que compõe o
tijolo, unidos, são as Leis da física denominadas Coesão e retração; que não
nos são visíveis. As “ações” das forças de coesão e retração que mantém ligadas
as partículas do tijolo são leis físicas, mas não são matéria. O imaterial é
que cria, sustenta, move, “manipula” tudo o que é material. A isto o cientista
chama de natureza, energia universal, etc. Mas é isto que o espiritualista
chama de Deus. E eu particularmente pouco me importo com as denominações que
dão para Ele.
Numa equivalência proporcional ao Universo, o individuo tem
todo o comando do corpo material que utiliza. Todos os aspectos apresentados no
seu corpo (e também na sua vida) são produtos de sua mente (alma, espírito). É
o Deus individualizado no homem; é o universo de cada um.
Outro dia vi outro pregador religioso pregando nos seguintes
termos:
___ Você pensa que
controla sua vida? Você pensa que comanda sua vida? Esta enganado! É Deus que a
tudo controla!
É até comum e bonito ouvir isto. Mas isto destitui totalmente
o “livre arbítrio” que, alias, segundo é dito, foi instituído pelo próprio
Deus.
Pois é exatamente disto que o homem da nova era deseja e
precisa se livrar. Não que tenha que se livrar de Deus. É se livrar desta
dependência cega e inútil. Deus não vem fazer por você, não vem interferir na
sua vida independentemente da sua vontade. A sua vontade (seu desejo, ainda que
inconsciente), as suas palavras e ações passam imperiosamente pelos “filtros”
da Lei. A esta Lei é que chamamos de Deus. Portanto, o escritor e roteirista do
filme de seu destino é você mesmo. Ele é modulado de acordo com a sua vontade
ao passar pelos “Filtros da Lei”.
Entretanto, muitas vezes a sua vontade, o que no fundo você
deseja ou acredita não está no nível do consciente. É por isso que acontecem
coisas em sua vida que conscientemente você não queria. Mas pode ter certeza
que foi você que, de alguma forma, “desenhou”.
Para ilustrar isto vou relatar uma consulta que um casal me
fez certa vez. Eles me disseram que há anos vinham tentando engravidar, mas não
conseguiam. Já haviam feitos alguns tratamentos e terapias recomendadas, mas
não obtiveram êxito. Então, por alguma
inspiração perguntei-lhes o que achavam do momento atual do mundo. Perguntei se
este mundo esta propicio para a educação de filhos. Então, mal havia acabado de
pronunciar a pergunta, a senhora disse:
____ Deus me livre!
Este mundo esta um inferno! É muita droga, muita pornografia e imoralidades!
A conclusão a que se chega claramente por estas palavras, é
que o casal deseja ter filhos, sim; mas no fundo da alma não querem. Afinal, ninguém,
consciente ou até mesmo inconscientemente, deseja colocar seus filhos num
inferno. Não é verdade?
O medo sempre se sobrepõe ao desejo e até mesmo sobre a fé. A
fé algumas vezes pode ser superficial; o medo não; ele é sempre autentico e
absoluto. O profundo é sempre mais poderoso do que a superfície. É por isto que
as religiões exortam a Fé. A Fé é o verdadeiro Santo em sua vida; é o verdadeiro
promotor de todas as suas Graças.
Portanto, reveja os seus desejos; observe com atenção se não
há em você mesmo pensamentos contrários ao que você quer. Reveja e compare seus
desejos com os seus medos. Um tem o poder de anular o outro.
Acima de tudo, permaneça na Fé. Você pode tudo!