Silvio
Marques
Dia desses na rua
recebi um panfleto religioso de uma senhora, para a qual, com um sincero e amável
sorriso agradeci a oferta. Li as mensagens a seguir, mas nele uma inscrição em
especial me chamou a atenção. A sentença dizia o seguinte: “Você não tem o
poder de salvar a si mesmo”.
Por não concordar que
seja assim; fiquei a pensar, muito compadecido, em que nível de espiritualidade
vive as pessoas que crêem nisto. Sei que aquela senhora, especialmente aquela
senhora, esta num processo muito ativo de evolução espiritual. Este ato
desprendido de dedicação e fé que vem empreendendo ao divulgar panfletos
religiosos, com certeza poderá elevá-la a graus mais elevados na
espiritualidade. Desde que não feche os seus sentidos num acomodado sectarismo,
prosseguirá evoluindo para níveis mais elevados.
Naquele mesmo dia vi
na TV, e por isto mesmo me impulsionou transcrever essas minhas considerações,
um religioso dizendo que “só esta vivendo neste mundo porque ‘Jesus Criador’ permitiu, ‘porque ele é o
criador de tudo’, ‘nosso pai”.
Este marketing quase
sempre inconsciente que os religiosos cristãos fazem de Jesus, ainda que
levados pela sua fé, muitas vezes transparece uma vontade ardente de
supervalorizar a cristandade, mas que também projeta uma atitude inconsequente que
desmerece as outras religiões. Expressões tais como: Só Jesus Cristo Salva, Só
Jesus é o Senhor, pode pousar no coração de quem não é cristão como dolorosa ofensa
à sua Fé. ___ Não é o meu caso, pois que não tenho nenhum sectarismo! ___ Estas
expressões acabam por se transformar em robustas barreiras na evolução
espiritual do individuo que lá esta. E tanto quanto lastimável, é a consequente
indução da intolerância religiosa. Se o pastor não evoluir, nenhum cordeiro do seu
rebanho também o fará.
No “caminho” da evolução
espiritual as religiões deveriam servir como uma espécie de “parada
obrigatória”; mas providencialmente estabelecidas à beira desse caminho, a beira dessa estrada para apoiar o
“caminhante”. Infelizmente os líderes religiosos posicionam filosoficamente as
suas igrejas em cima desse “caminho” (na mente dos fiéis) como uma espécie de
“pedágio obrigatório”. Se pelo menos esses “portais” religiosos tivessem
cancelas para possibilitar o direito de livre passagem desses “viajantes”,
ainda valeria à pena. Mas ao transpor esses portais os fiéis acabam por se
transformar em cordeiros presos numa espécie de curral. Por mais amplos que possam
ser os currais, todo o rebanho que lá está tem sua liberdade limitada. É por isso
que eu prefiro ser como um Pássaro: Ou eu permito o cerceamento religioso de minha
liberdade espiritual (numa espécie de gaiola), ou sou Livre de todo.____ Seria
bem melhor ser como um pássaro livre!
Na essência as
religiões são misericordiosas ofertas
para servir ao homem que busca evoluir. O “produto” que lá esta é essencial
para evolução espiritual do homem. Mas na prática os lideres religiosos impõem
na mente dos fieis, que elas é que devem servir a igreja; com o apelo
persuasivo de que estão servindo a Deus. Se a pessoa compreender a verdade
pregada pela sua religião, ela tornar-se-á uma pessoa magnânima e generosa; e
vivenciando essas verdades no dia a dia, então estará servindo a Deus. Tudo o
que vier a fazer especificamente pela sua igreja, pela sua instituição
religiosa, será verdadeiramente prova do seu sentimento de gratidão. O
disciplinamento quando é imposto não prova a humildade nem a fé das pessoas. A
gratidão voluntaria, sim.
Se o homem não
evoluir espiritualmente ele ficará “amarrado” na sua religião. E a sua religião,
ao invés de ser um promissor centro de desenvolvimento espiritual, terá
serventia apenas como muleta, encosto ou porto seguro; como se essas pessoas
fossem navios que estão avariados, ou que não estão prontos para navegar.
Ao contrario do que
sentencia aquele panfleto que recebi, somente o homem, individualmente, pode promover
a salvação de si mesmo. ___ Lembram-se do livre arbítrio? ___ Salvação não vem
de fora. Até parece que vem. Mas o homem, como Filho de Deus, está salvo desde
o principio. Deus ao criar o mundo não estava fazendo experimentos. Fez, e
achou que estava Bom.
Todas as
orientações, pregações, palavras, teorias e verdades que chegam aos ouvidos dos
fiéis, se já não estivessem na alma deles, eles jamais se salvariam. Como
poderíamos salvar um poste? Como poderíamos salvar um cachorro? Somente o Filho
pode reconhecer o Pai. É o Deus Interior quem reconhece o “Deus exterior”. Isto
é a prova incontestável da tão falada “Imagem e Semelhança”.
Quando o homem despertar
para o fato de que ele na essência tem a índole do Bem, ele somente praticará o
Bem. A prática do Bem pelo homem não é uma opção, é uma característica. Cada
“produto” da criação tem a sua característica. Cada vegetal tem suas vitaminas,
cores e formas específicas. E assim também são os animas, os minerais e toda a
criação. A vitamina, cor e forma espiritual do homem é o Bem, é o Amor e a
Justiça.
Vivendo assim, não
pareceremos mais cordeiros, nem mesmo pássaros. Simplesmente viveremos a
Realidade de sermos a Extensão de Deus.
É nisto que eu
acredito e vivo!