Silvio Marques
Esta advertência que dá titulo ao presente artigo é
repetido quase que diariamente por todo bom conselheiro; religioso ou não.
Aconselha-se isto porque o resultado da sua aplicação em nossa vida é
infalivelmente favorável. Ao longo da história da humanidade milhões e milhões
de pessoas tem sido testemunhas naturais desta afirmação, observando-se os
resultados obtidos nas suas vidas; independentemente das religiões que seguem.
Não obstante, dependendo dos ouvidos que ouvem tal
conselho ele pode parecer extremamente chato ou insubstancial. Entretanto, não
devemos julgar precipitadamente estes “ouvidos” como se fossem seres
insensíveis ou destituídos de fé religiosa. A frase por si só carece mesmo de
um bom beneficiamento. É como se dissermos para alguém: “Vá para lá”, mas não
apontarmos objetivamente a direção para a qual estamos orientando que a pessoa
vá. “Ponha Deus na sua vida” não é uma frase tão “legível” quanto parece.
Para que possamos executar uma ordem, uma determinação;
seguir um conselho; enfim, precisamos primeiramente identificar o conteúdo. Se
nos disserem: “ponha água no balde”, primeiramente identificamos o que seja
água, o que seja balde e então executamos a ação sugerida. Colocar água no
balde é uma ação extremamente fácil de fazer porque já sabemos o que é água e
também o que é balde. E quanto a estes “personagens”, não há controvérsias nem
contestações: água é água; balde é balde.
Cada segmento religioso tem as suas concepções para
definir Deus. É natural; faz parte do processo da evolução do espírito.
Apesar de algumas organizações religiosas pretensiosamente
afirmarem que só ela esta correta quanto à definição de Deus, e todas as demais
estão equivocadas; na verdade, em última análise todas estão corretas; porque
mesmo que haja algum equívoco, todas estão exercitando o processo natural
evolutivo; todas estão no caminho, a caminho da Verdade.
O que julgamos ser equívoco do outro com relação a sua
concepção de Deus, pode ser exatamente o equívoco nosso visto pelos “olhos” do
outro. Ainda que uma determinada pessoa tenha participado por algum tempo ou
mesmo muitos anos numa organização religiosa, e desta tenha se afastado; ela
não esta apta para julgar esta mesma organização. O afastamento se deu
exatamente porque ela não alcançou a essência daquela doutrina. Não há religião
séria que não desperte; não há religião séria que não “salve”. Não há religião
séria que não seja boa.
Porque será que algumas pessoas são agraciadas numa
determinada organização religiosa e outras não? Porque algumas recebem a graça
nesta organização, e outras só alcançam numa outra? Haverão de ser, todas, testemunhas
mentirosas ou fanáticas? ____ Ora! Todas elas apresentaram bons frutos;
experimentaram bons frutos. Então, afinal: não é pelo fruto que se conhece a
árvore? ____ Penso que Jesus estava certo!
Ao orientarmos alguém o aconselhando que “ponha Deus
na sua vida”, precisamos definir para este alguém o que é Deus do qual estamos
falando. Pelo menos o que entendemos que Ele seja.
Eu digo que colocar Deus em nossa vida é agir sempre e
incondicionalmente utilizando-se de intenções dignas. Intenções dignas não
diferem de um grupo religioso para outro. Todos sabem o que vem a ser. Agir com
espírito de absoluta justiça, bondade, compreensão e fraternidade, é agir com
amor e sabedoria. Eis a identidade de Deus. Agindo assim não haverá pecados a
serem resgatados, nunca; não haverá inimigos nem adversidades, nunca. Por isso
não haverá doenças, nem desarmonias ou sofrimentos para tirar-nos a paz. ____ Não
colhemos, jamais, o que não plantamos!
Qualquer ação, por mais simples ou insignificante que
parece ser, e para que se obtenham sempre resultados favoráveis, devem ter o
amor e a sabedoria de Deus protocolado na sua intenção. Para cada ação, equivale uma reação. Isto deve ser sempre levado em conta; sempre.
Podemos exemplificar tudo isso através de um caso o
qual agora passo a relatar. Viajava num ônibus de linha urbana me dirigindo
para o trabalho (em pé e ônibus lotado), quando ouvi uma senhora falando de sua
vida. Certamente alguém de pouca cultura, ou não se exporia daquela forma. Dizia
ela para outra pessoa, lá no fundo do coletivo: “... o meu primeiro marido era um cachaceiro sem vergonha; o meu segundo era
melhorzinho, mas morreu logo, graças a Deus! Mas o de agora; esse é um
vagabundo; não quer nada com o serviço! Ora; eu sempre ‘batalhei’ em três
empregos! Saio de manha para trabalhar, e ele fica dormindo; saio à tarde para
o outro emprego, e ele continua dormindo! Hoje me aborreci e disse para ele:
Nego você não vai arrumar um trabalho não, né?... e ‘taquei’ um balde d’água nele
na cama”!
Na minha frente viajavam sentados dois rapazes com
uniformes de uma empresa de seguranças; jovens, altos e bem robustos. Quando
aquela senhora disse: “... taquei água nele na cama”; um dos dois rapazes disse
profético para o outro: “É aí que ela
entra na tapa”!
Ainda que tenha algum resíduo de razão, para uma ação como a desta senhora, a reação muito provável, infelizmente, é
esta sentenciada pelo tal segurança. O pior é que os jornais do dia seguinte
nos mostram que os epílogos desses episódios muitas vezes vão bem mais além das
tapas.
Colocar Deus em nossa vida, é como disse, colocar boas
intenções na ação, tendo como elementos: a compreensão, a paciência, o amor e a
fé. O resultado será sempre bom. E para isto não depende de cultura. O amor
esta contemplado no interior de todas as pessoas. O amor é semente. O Amor é
Deus.
Ponha Deus nas suas ações!
O Céu é logo ali!