Silvio Marques
Numa outra oportunidade estive comentando sobre a vida, e
afirmei ter a opinião de que “seria muito medíocre pensar que a vida seja
simplesmente o nascer, viver, e morrer; porque se assim fosse, a vida seria um
projeto muito cruel e sombrio; além de um inexplicável despropósito”. Naturalmente
que não estou acusando a mediocridade de quem pensa assim. Estaria
identificando a mediocridade da vida. E eu não acredito que Deus, tão
onisciente existência, possa ter projetado algo tão insípido.
Considerando que a morte do corpo do homem fosse o
irremediável fim, então eu me perguntaria: O que fazer com tudo o que aprendi
na vida? Aprendi prá que, se o conhecimento não me servirá para mais nada? Será
que as experiências acumuladas perdem a validade? E os esforços
empenhados; serão motivos de aplausos e contentamento?
E ainda perguntaria: A folha caída, o lixo, as fezes do
cachorro, ou minha alma haverão de se equivaler?____ Não sei o que “pensam” a
folha, o lixo ou as fezes do cachorro; mas quanto a minha alma, eu não penso
que seja assim!
Se a vida se limitasse mesmo a um tempo compreendido por
começo, meio e fim; sem nenhum proveito acumulado, penso que o aborto é que
seria uma glória; a vida com todas as suas atribulações seria um castigo. ____
Nesse caso eu preferiria ser as fezes do cachorro!
Mas, suponhamos que a vida fosse mesmo um castigo: Se
não houve uma vida anterior ao nascimento (considerando que não há uma vida
posterior também); certamente não houve nenhum pecado, nenhuma infração para
ser punida ou resgatada. Só nos restaria considerar então, que o nascimento não
se trataria de um castigo de quem nasce. Talvez um castigo para os pais,
cujo pecado foi se amarem, se unirem e sonharem com o nascimento de uma
criança. ___ “que infração abominável”!
Ainda assim, mais uma vez considerando que a vida fosse
mesmo um castigo (um palco de martírios), estaria provado pela própria punição
a existência de outras vidas passadas para que pudéssemos resgatar, nesta, os
nossos pecados anteriores.
___ Não! A vida não tem um fim! É eterna e bela! Posso
sentir isto porque estou ligado à energia universal e eterna que é Deus! E não
se pode sentir o que não existe!
Se alguém pensar que isto seja apenas fruto dos meus
delírios ou ilusões, isto provará apenas que estamos muito distantes
espiritualmente; e nada posso fazer por esse alguém. Um dia, rogo, irá
despertar.
A vida é um eterno “plantar”, segundo
a nossa vontade; e um eterno colher segundo as leis divinas.
Morto para a vida eterna é aquele que não reconhece a
eternidade da vida. Vive simplesmente no cômodo conceito de "sorte ou
azar”; ou na mediocridade do “tem que ser agora porque a vida é curta”. ___
Agora sim, estou acusando a possível mediocridade de pessoas!
Certa vez assistindo a uma conferencia cujo tema era sobre
prosperidade; conferencia esta que atraiu muitos empre$ários, principalmente; o palestrante disse: “Se você
pensa que você é este corpo que carrega, tudo fará para dar o máximo de
conforto e prazer para ele.” Penso ser esta uma afirmação incontestável. Eu
fiquei mergulhado refletindo mais um pouco a respeito disto, e concluí como num
despertar, que: É nesta crença que moram os poderosos vírus das vaidades, dos
vícios, da luxúria, da gula, e outros mais.
Somente para exemplificar isto, analisemos o item gula: A
maioria das pessoas que engordam; engordam porque “enxergam” a comida
essencialmente como uma fonte de prazer. Há muita diferença entre ver a comida
como uma oportunidade de gozo, ou vê-la simplesmente como substancia alimentar;
que é a verdadeira e objetiva razão do existir da comida. O paladar é sim uma
benção de Deus que estimula o ato da alimentação com prazer. Mesmo porque, se
fosse doloroso se alimentar já estaríamos extintos por inanição. Porém, devemos
reverenciar o alimento, e não o prazer.
São estes conceitos errôneos, que encobrem os verdadeiros e
nobres valores da vida. As coisas da matéria é uma ilusão; e as fantasias e os
prazeres podem nos cegar.
A Vida não tem um irremediável fim. Na verdade tudo o que
tem começo, tem fim. A Vida não tem principio nem fim.
Disseram alguns iluminados como Jesus e Buda: “Seja-te
conforme credes!” “Tudo é projeção de sua mente!” Assim sendo, se você não crê
que a Vida prossegue, já estais morto para a vida eterna. E eu nem vou poder-te
“provar” mais nada.
Quando alguém diz não crê em
vida após a morte (do corpo), é porque essa pessoa está pensando num ambiente
igual ou semelhante ao que vivemos aqui neste mundo, nesta dimensão terrena.
Mas de fato não é assim. Este tipo de vida, após a morte do corpo, não existira
mais. Falta espiritualidade nessa pessoa para entender (ou considerar) que a
vida no mundo espiritual é totalmente expandida. Ainda que se mantenham a
individualidade, a existência segue padrões inimagináveis.
Quando foi dito: “Do pó
vieste, ao pó voltaras”, essa referencia esta apontando o corpo físico. Pó é
matéria física elementar; são as células, as moléculas, os átomos. Enfim, o
espirito não nasce do pó; ele se manifesta e assume esta “composição de pó” que
é o corpo físico. O espirito nunca nasce; ele, por ser espirito (imaterial) tem
a possibilidade de tomar infinitas “formas”.
Pode parecer que este texto
tenha o objetivo de convencer às pessoas que se dizem descrentes na “vida após
a morte” a mudarem ou reverem seus conceitos. Mas não se trata disto. Este
texto vem para nutrir e fortalecer o conceito das pessoas sensíveis e humildes
que creem na eterna dinâmica da Vida. Este texto transborda de minha mente
porque sou de fé nessa dinâmica.
É uma lástima pensar nos
pesadelos e agonia que os descrentes terão quando deixarem o corpo que pensaram
a vida todo ser o seu “eu”.
Aqui no plano terreno todos
os dias despertamos ao amanhecer em razão dos compromissos que temos “a
seguir”. Despertamos ativos (mesmo que desanimados as vezes) para cumprir as
tarefas do dia; as tarefas, atividades e necessidades que a vida impõe. Se não
houver nenhum compromisso posterior, por menor que seja, penso que a mente
tende a permanecer inerte. Entretanto, mesmo que o individuo não acredite que
está “vivo” (ou que tenha alguma espécie de vida após a morte) o “apelo” da
vida é dinâmico, não é inerte. A tendência da vida é ação. E é baseado nisso
que poderá haver o conflito o qual acima denominei de pesadelo ou agonia. Esse
conflito se caracteriza pela contenda entre: “preciso despertar” X “eu
morri, eu não existo”.
Por tudo isto é que foi dito:
“Antes de Abraão ser eu sou”!
Cabe a cada um o despertar,
ao ponto de poder dizer isto também.
Paz Eterna para todos!