28/07/2011

A Trindade de Deus

A TRINDADE DE DEUS

Silvio Marques

Confesso que nunca concebi como a grande maioria a idéia da Trindade de Deus. Através dos tempos se tem concebido (a igreja cristã) que sua “formação” é composta por: Pai, Filho e Espírito Santo. E que o filho é Jesus, tão somente.
A bem da verdade também nunca rejeitei a idéia. Nunca me incomodei que pensassem assim. Entretanto, também não me recordo que eu tivesse reverenciado ou louvado isso algum dia. Penso que Jesus é especial, sim; especialíssimo. Mas não que sua existência seja diferenciada da dos demais (nós outros); e nem mesmo que tenha vindo de forma extraordinária. Vejo-o como especial porque se apresentou e portou-se de modo especial. Não obstante, na Essência, na Origem somos todos especiais. ____ Não fomos feitos à Imagem e Semelhança do Criador? ____ É exatamente este ser interior divino (especial) que há em nós quem reconhece Jesus como magnífico. Porém, mais importante do que isto é reconhecer-nos magníficos, também. É para isso que deveriam existir as religiões. Sua missão é fundamentalmente “religar”.
Certo dia um de meus filhos se pronunciava a respeito dessa Trindade. E como que advogando a concepção acima, ou como se estivesse desejando uma confirmação minha, disse, com a suavidade que lhe é peculiar ____ “Pai, Deus não estava sozinho na criação do mundo. No livro do Gêneses, Ele se pronuncia no plural, dizendo... Façamos luzeiros nos céus...” por exemplo.
Ainda que eu já tivesse a opinião de que “o dia da criação” é algo puramente alegórico; que a criação nunca teve um início e jamais terá fim; naquele dia eu nada disse ao meu filho. Não me ocorreu nenhum comentário. Nem mesmo me esforcei para procurar em mim algum argumento que nos fizesse pensar mais. Não é que eu não estivesse dando importância ao assunto; é que simplesmente conversávamos, sem nenhuma pretensão. E, como acima afirmei, não me importa que ele pense assim. Depois disso não pensei mais neste assunto.
Algum tempo se passou; não me lembro quanto; meses talvez, até que me viesse à mente o que agora venho expor.
Com profundo sentimento de respeito a todas as correntes religiosas, teorias e doutrinas, tenho, no que abaixo afirmo, a minha configuração a respeito desta “Trindade”. Algo que não fabriquei como um argumento simplesmente lógico para ser diferente dos outros ou chamar atenção. Com absoluta naturalidade “vi, com os olhos da mente”, e penso que a criação física do mundo tenha esta configuração:
Eu Parti do princípio de que tudo que se manifesta neste mundo material é, sem exceção, produto de combinações de mais de um elemento. E sendo assim, podemos afirmar, por exemplo, que dois elementos de hidrogênio e um de oxigênio “implicitamente dizem” a todo instante: “Façamos à água”; e a água aparece. Esta pode ser a razão de no livro Gêneses o criador apresentar-Se no plural. Na verdade, tanto o hidrogênio quanto o oxigênio nada mais são do que partículas da Vida de Deus. É o próprio Deus. E a água é produto dessa combinação. 
Da combinação das partículas masculinas (espermatozóides) com as partículas femininas (óvulos) se forma um ser humano que é filho desta “combinação”. Assim, podemos afirmar também que os espermatozóides e os óvulos “dizem” a todo instante: “Façamos um homem”. E foi assim que se fez Jesus também. Não foi de outra forma.
Deus é pólo positivo e também negativo; é pólo macho e também fêmea como elementos da criação. Da união ou combinação das partículas Deus e Deus, se obtêm o filho, fruto, produto.
Podemos dizer então, que implicitamente as partículas que dão origem a tudo o que se manifesta neste mundo, antes proclamam: “Façamos isso... façamos aquilo..." Este é o formato natural da criação física deste mundo. Por isso o próprio Deus anuncia-Se no plural naquela figura alegórica do velho testamento.
Quanto à questão espiritual, impossível é separar-nos. Não existimos separados de Deus. Deus, Jesus e todos os demais somos um só. A isto se dá o nome de “Unigênito” citado na bíblia.
É um só Deus em três pessoas; mas, “pessoa”, aqui no contexto, significa acepção. Onde temos um só Deus em três estados, em três situações distintas: a existência (a Vida, a energia), a criação (a união das partículas), e a obra (o Filho ou produto).
Bem sei que não é fácil enxergar isto. Não é fácil entender que os olhos nos vejam múltiplos, separados uns dos outros, individuais, e a mente negar isto. Quase Impossível é aos nossos olhos carnais olhar a multidão e ver um só. Por isso a mente aceita esta imagem de “vários”, como imagem real e concebe que somos muitos. Entretanto, tente separar o amor, do amor; a sabedoria, da sabedoria; a alegria, da alegria; a felicidade, da felicidade; a compreensão, da compreensão; etc. Estes são os “elementos” que compõe o nosso espírito. É a própria Imagem de Deus. Amor, Sabedoria, Alegria, Felicidade, compreensão, é, em qualquer pessoa, uma coisa só.
Em síntese: Penso que Deus é o Verbo criador onde habita, também, a nossa palavra. O filho é tão somente a obra, o produto, o fruto da nossa palavra (ação, intenção). Por isso exige-se fé na produção da “obra”. E o Espírito Santo é a Vida Esplendorosa; o existir Magnífico que ao bom caminho nos conduz; às Delícias das Glórias; ao Paraíso tão falado.
Todas estas “pessoas” da Trindade aparentemente são distintas; cada uma é uma pessoa à parte. O significado das palavras nos conduz a entender assim. Porém, na pessoa do Espírito Santo, por exemplo, a expressão “Espírito” significa idéia, existência; e “Santo” quer dizer abençoado, magnífico. Portanto, o Espírito Santo é a “Existência Magnífica”. Assim, clareando um pouco mais a síntese, entendemos que a Trindade de Deus é: PAI = Verbo (energia) que cria; que dá vida; que forma; que faz aparecer; substância que utilizamos com o pensamento para criar o nosso mundo; para fazer acontecer. FILHO = O fruto; o produto; o resultado da criação; produto do uso do Verbo. ESPIRITO SANTO = O existir Divino, o Eterno; Glorioso; Magnífico.
Pode não ser bem assim para muitos; mas é por este conceito que me considero Filho de Deus e reconheço Seus (e nossos) dons. Só se vai ao Pai reconhecendo-se Filho. Foi o que Jesus disse, no meu entender. E eu aceito porque é o que minha alma reconhece.
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Pouco tempo depois de ter escrito este artigo, como que para confirmar a minha concepção, deparei-me por acaso com esta citação dos evangelhos: Romanos, Capitulo 14 versículo 22: “Guarde para você, diante de Deus, a convicção que você tem. Feliz é aquele que não condena a si mesmo na decisão que toma”.

É o Deus interior de cada um quem reconhece o Deus Universal.

Assim penso.

25/07/2011

O FILHO DO ABACATEIRO

Silvio Marques

No “pomar” da grande vida certo “abacate” veio ao mundo. Ficou conhecido com o singular nome de “Acate, o Filho do Abacateiro”. E como todos da sua espécie, nasceu e vivenciou todo o processo natural de crescimento e aprendizado sobre a vida.
O jovem Acate não era como a maioria das demais frutas daquele pomar. Tinha personalidade própria e desperta. Não se deixava influenciar facilmente pelos outros. Não cegava diante dos sugestivos encantos das revistas, dos jornais, da televisão, da comunidade, enfim. Entendia que os conceitos da mídia, eram conceitos dos jornalistas do pomar; que os conceitos das igrejas daquela comunidade, eram conceitos dos seus respectivos lideres religiosos; que os conceitos dos abacates de um modo geral, eram propriedades de cada um deles, conseqüência das suas experiências e do seu alcance espiritual. Ele não se obrigava a assumi-los também.
Acate questionava sistematicamente a vida; não se satisfazia com o que lhe parecia simplesmente lógico. Era sensível; era observador. Abominava o critério de “maioria” como apoio definitivo para suas conclusões; pois entendia que normalmente este critério é adotado por pessoas acomodadas. ____ Ou como se dizia antigamente: “coisa de Maria vai com as outras”.
Nem mesmo os resultados das pesquisas científicas eram recebidos como definitivos. ____ E quanto a isto, convenhamos: Muitas “verdades” da ciência de ontem, hoje se transformaram em “mitos”. Porque então aceitar os resultados das pesquisas de hoje como dogmas? Devem ser respeitados pela seriedade como se apresentam. Entretanto não devem ser considerados sagrados, eternos, ou imutáveis.
O jovem rapaz intuía que não veio ao mundo para viver, simplesmente porque nasceu. ____ “Ninguém veio por isto ou para isto”.
Ele pensava ____ “Deve haver razões mais concretas; mais substanciais e, portanto, aproveitáveis. A Vida não pode ser algo tão inconseqüente e mórbido”.
Seu Grande Pai, ídolo de suprema admiração para ele, lhe dizia que “a Vida se resume na prática do Bem”.
____Filho, ____ dizia o Pai____ nada, nesta vida ou em outra qualquer, tem mais consistência ou maior aproveitamento do que a prática do Bem! Tudo o que é do Bem é aproveitável e eterno! Somente a prática do Bem é Substancia, é Vida! Você sabe o que é a prática do bem? ____ perguntava mesmo sabendo que aquele bom filho sabia ____ Todos sabem o que é a prática do Bem! Acontece que quando estão praticando o mal, fingem não ver ou justificam-se! Por isso na grande caminhada da vida suas mentes deitam pousadas nessas “hospedarias de baixa categoria” e adormecem no mal!
Ele (o pai) sempre exaltava o Bem como principio único ____ Querido, o Bem se pratica quando externamos amor incondicional em todos os atos!
Certa vez o jovem Acate perguntou-lhe ____ Pai, devo amar e praticar o Bem até para com os meus inimigos?
E aquele Pai lhe respondeu ____ Não tenhas medo, Filho! Quem ama e pratica o Bem incondicionalmente não há de ter inimigos! Os imperfeitos e injustos só são inimigos de si mesmos! Eles carecem é disso; amor e atenção! Acredite!
____ Mas então devo amar também aos injustos e imperfeitos? ____ pergunta o filho.
____ Acima de tudo a esses!____ disse o Pai ____ Outrora já mandei anunciar isso ao “pomar”! Só não deves amar os feitos deles!
____ E aos espertos enganadores? Também devo amá-los?
____Tanto quanto aos primeiros! Também são injustos e imperfeitos! ____ e arrematou ____ Esses, como os outros, nunca foram amados de verdade! Eles odeiam a humanidade por isto mesmo!
E o filho pergunta ____ O que poderá ser de seus futuros se permanecerem assim?
____ Sorte deles se ainda nesta vida vierem a pedir esmolas, contraírem serias doenças ou deitarem em alguma outra desgraça! ____ responde surpreendentemente o Pai.
Surpreso, o filho volta a perguntar ____ Porque isso, Pai? É alguma espécie de castigo?
____ Não, filho! É misericórdia! Sem poder satisfazer os prazeres, em razão dos problemas de saúde, ou da falta de recursos monetários, talvez se voltem para a busca da Verdade, despertem, e ainda se salvem!
____ Pai! Há muitos que estão pedindo esmolas! Estarão esses vivenciando o processo do despertar de que falas?
____ Alguns até já conseguiram, Filho! Outros estão ainda adormecidos na “cegueira”! Isso deve ser o “inferno” de que tanto falam!
O olhar do jovem Acate transpareceu uma profunda angustia. Emanava uma sofrida compaixão pelo que lhe pareceu uma grande desgraça desses infelizes. Mas, então, o seu atento Pai o tranqüilizou dizendo:
____ Não se inquiete, Filho! A salvação alcançara a todos! Todos! Nenhuma alma será perdida!
Tanta sabedoria, segurança e amor havia neste grandioso Pai, que certo dia o jovem Acate reverentemente lhe implorou:
____ Pai, perdoe se posso lhe parecer presunçoso; mas eu gostaria de ser tão seguro, tão amável, tão generoso e justo como o senhor! Eu desejo de todo o coração ser o “Abacateiro” que o Senhor é!
E o seu sábio Pai lhe disse ____ Filho! Assim é desde o principio! Se de todo o coração queres ser como o seu Pai, basta olhar para dentro de si e semear no mundo o que “lá” encontrar! Eu estou em ti tanto como você está em mim! Toda a minha substancia é a sua própria constituição! ____ e concluiu ____ Esteja contente, Querido! Esse seu desejo é prenuncio de Nossa Glória!

Importantes informações

  Nota de agradecimento e importantes informações aos Leitores e                              seguidores deste Blog em todo o planeta. Ess...