Silvio Marques
Este artigo foi
escrito por ocasião da leitura da matéria abaixo citada.
De acordo com a matéria publicada na seção “internacional”
– pagina 12 do jornal A Gazeta de 20 de maio do ano de 2003; um dia após
completar 83 anos de idade, o papa João Paulo II disse aos peregrinos
poloneses, seus compatriotas: “cada vez
mais me dou conta de que é mais próximo o momento no qual terei que me
apresentar diante de Deus!”
Tanta bondade parecia haver naquele
coração, que o sumo-sacerdote começava a preparar, não a si mesmo, mas aos seus
admiradores e reverentes fiéis da igreja católica para não chocá-los tanto com
o seu passamento.
Embora o que sua santidade tenha dito
seja uma espécie de prenuncio de “dia do juízo final”; com certeza tão
iluminada alma bem sabia que não existe esse tal “dia” como um irremediável acontecimento
pós-morte. Quem falece, quem finda é o corpo, e esse não é passivo de
julgamento. O final dos tempos (a morte) só acontece para a matéria; só
acontece para o corpo físico que em vida reflete a alma do seu “condutor”. Nele
mesmo (no corpo e nas circunstancias do dia a dia, no destino que cada um vive)
está refletido “o juízo” de cada ato de seu “dono”. Para cada ato, pensamento
ou palavra do autor, equivale uma conseqüência; e estas se manifestam no seu
corpo, no seu destino, ao seu redor, nos seus filhos, na sua terra, e em todo o
universo.
Quando outrora foi dito que
“o castigo vem a cavalo”, teve-se a intenção de dizer que o resultado das
nossas ações (ou juízo final), vem rápido (a cavalo); e não lento como se
viesse a pé. É bom lembrar que o cavalo era o “veículo” mais veloz da época
desta citação. Porém, “o castigo” (o resultado; a consequência boa ou má das
nossas ações boas ou más) não vem com uma velocidade regulamentar. Tanto pode
vir instantaneamente quanto levar muitos anos. Sempre e invariavelmente dependerá
de encontrar as condições propícias para a sua manifestação. Mas com
certeza haverá de se manifestar ou ser extinto em cumprimento das leis e da
misericórdia divina.
Não
negligenciem as recomendações e livrem-se, portanto, da idéia materialista de
que os seus pecados serão resgatados somente após a morte, ou que a própria
morte seja o resgate.
Inconscientemente
o ser humano tem por costume deixar tudo para resolver depois, mais tarde, logo
mais (ou até depois da morte), “empurrando tudo com a barriga” como
popularmente se diz. Direcionados por este conceito, a grande maioria tem no
fundo da alma a esperança de que poderão se explicar depois ao Pai no tal “dia
do juízo final”. Pois lhes digo que suas
ações bastam como advogados ou promotores dessas “causas”. Tudo na sua vida já
foi “justificado” pelo seus atos. Não haverá “prestação de contas” nenhuma. Não
serão palavras, justificativas, nem explicações ou outro recurso qualquer. Não
se iludem.
A propósito desses equívocos
humanos, vejamos esta questão: Existe um absurdo e ilusório ditado popular que
diz: “ladrão que rouba ladrão tem cem
anos de perdão”. Mas a questão é: quem perdoa quem? Ladrão roubar ladrão está de acordo com a lei
mental que diz: você recebe aquilo que dá; você colhe aquilo que planta. Mas
isto não significa que alguém possa ser perdoado pelo fato de lesar um ladrão.
Ladrão que rouba ladrão ou rouba quem quer que seja, é um imoral fora da lei, e
também terá de resgatar isso. Assassino que mata assassino não é um justiceiro,
é um exterminador imoral; e o seu pecado é do mesmo tamanho do pecado do
assassino. O “pecado” está no tirar a vida; seja de quem for. Se as ações de um
exterminador de foras da lei fossem dignas e justas, o homem (o fora da lei) estaria
sendo comparado a um eletrodoméstico qualquer... “deu defeito, joga fora”
(extermina).
A
sociedade de uma forma geral vive de plantão no seu tribunal particular a
julgar as ações dos outros. E normalmente são implacáveis nas sentenças.
Criticam políticos, vizinhos, parentes, amigos, sem nenhuma complacência.
Entretanto, lesam sem o menor pudor ao condomínio em que residem; a companhia
fornecedora de energia elétrica; a companhia fornecedora de água; de gás; a tv
por assinatura; a previdência social; a companhia de seguros; ao papai; a vovó;
aos fiéis da igreja; a honra dos irmãos; e até a natureza é displicentemente
desrespeitada. Mas essas pessoas vão à missa ou aos cultos dominicais, e se
benzem duas vezes ao dia (ao despertar e antes de adormecer), e também louvam ao
“senhor”. Pensam que com isso estão sendo perdoadas.
O ato
de furtar uma bala ou de roubar um navio contém a mesma impureza diante da moral.
O ato de falar mal de uma pessoa (mesmo que seja verdade o que disse) equivale
a roubar-lhe a honra. É por isto que as adversidades acontecem na vida dessas
pessoas e elas pensam ou dizem “que não mereciam”. Tudo o que “vem” se
manifestar em sua vida (positivo ou negativo) é uma “conquista” sua; representa
o “juízo final” de algum ato anterior.
Por
fim, devo alertar: “Muito se fala em Anjo da Guarda; não é verdade? Mas observe
atentamente esta questão: O verdadeiro anjo que pode lhe “guardar”, e somente
ele, são os seus atos bons. Seja, portanto, o anjo de si mesmo. Guarde sempre
os bons pensamentos, pronuncie apenas boas palavras e pratique apenas bons atos”.
O
Paraíso está em suas “mãos”.